Uma operação da Polícia Federal (PF) cumpre mandados de prisão e de busca e apreensão nesta segunda-feira (1º) contra suspeitos de fraudar o Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT), por meio de saques indevidos do Programa de Integração Social (PIS). De acordo com PF, uma organização criminosa teria desviado R$ 27 milhões. Foram expedidos 11 mandados de prisão e 33 de busca e apreensão. Até as 10h45, nove pessoas tinham sido detidas, de acordo com a PF.
Segundo o delegado Gilvan de Paula, 2,3 mil cartões usados pela quadrilha foram apreendidos nesta segunda-feira (1º) na Região Metropolitana de Belo Horizonte – apena em um hotel na Rua Alagoas, na Savassi, a PF achou 1,3 mil cartões.
As ordens judiciais foram cumpridas nas cidades de Belo Horizonte, Brumadinho, Contagem, Juatuba, Esmeraldas, Ribeirão das Neves e Santa Luzia, na Região Metropolitana, e em Grão Mogol e Itacarambi, na Região Norte, e Corinto, na Central do estado.
Os detidos serão indiciados e vão responder por estelionato qualificado contra órgão público, uso de documento falso e formação de quadrilha.
Os mandados de prisão foram expedidos pela 1ª Vara Federal da Subseção Judiciária Federal de Montes Claros, sendo quatro de prisão preventiva e sete de temporária. Também foi determinado pela Justiça o imediato bloqueio de 10.330 números do Programa de Integração Social (PIS) utilizados para as fraudes.
De acordo com as investigações, que começaram já sete meses, mais de 100 empresas tiveram dados utilizados indevidamente, e os fraudadores declaravam ao Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), anualmente, milhares de pessoas que não trabalharam efetivamente nas empresas.
Cartões em nome de falecidos
A PF informou que foram identificados mais de 28 mil vínculos de emprego declarados criminosamente nos últimos nove anos, acarretando na geração de um salário mínimo para cada um, e que cerca de 70% corresponderiam a pessoas falecidas.
Ainda segundo a investigação, golpistas pediam cartão cidadão em nome das pessoas falecidas e sacavam em terminais de autoatendimento da Caixa Econômica Federal (CEF).
O Ministério do Trabalho e Emprego e a Caixa Econômica Federal participam da operação chamada "XIV", que envolveu 110 policiais e servidores. Conforme a PF, o nome da operação faz referência ao abono salarial como um 14º salário.
Márcio Ubiratan, da coordenação do seguro-desemprego e abono salarial do Ministério do Trabalho em Brasília, disse que a investigação foi um aprendizado para o próprio ministério e que vai melhorar situações dentro do ministério e da CEF porque o pagamento é realizado por meio da utilização do Cartão Cidadão, que é responsabilidade da Caixa
"Com certeza esses batimentos não foram suficientes para tentar coibir isso aí, mas volto a dizer essa apuração aqui não deixa de ser um próprio aprendizado para o ministério e que a gente possa melhorar os batimentos e poder evitar novas fraudes desse tipo", disse ele.
Os suspeitos serão encaminhados para Montes Claros.
G1 // AO