A Polícia Civil deflagrou, na manhã desta quarta-feira (3), uma operação contra uma quadrilha de estelionatários especializada em aplicar golpe com cartão de crédito das vítimas no Rio GRande do Sul e em São Paulo.
De acordo com a investigação, os criminosos ligavam para as vítimas se passando por atendentes de centrais de segurança de cartões de crédito e perguntam se elas estavam realizando alguma compra naquele momento. As vítimas, que nem sempre estavam efetuando transações, negavam que estivessem usando o cartão. Era nesse momento que começavam os golpes. As ligações eram sempre feitas para telefones fixos.
Os bandidos se colocavam à disposição, então, para bloquear os cartões e pediam às vítimas que fizessem isso. No entanto, alertavam que o chip precisava ficar intacto. Depois, pediam que ligassem para o telefone que estava no verso dos cartões.
A quadrilha fazia a vítima pensar que estava fazendo uma nova ligação para realizar o bloqueio, e pediam, ainda, para que digitassem a senha para confirmar a autenticidade do processo. Ao colocar a senha no teclado do telefone, os estelionatários conseguiam codificar os números.
O segundo passo do golpe era entregar o cartão para um motoboy, identificado pela falsa central de segurança. Segundo os bandidos, dessa forma a vítima estaria ajudando a polícia a prender uma quadrilha. Porém, eles usavam o chip e a senha para saques, compras e empréstimos.
Sobre a quadrilha
O comando da quadrilha estava baseado em São Paulo, onde mantinham uma central telefônica. Mas os golpistas vinham a Porto Alegre para realizar as compras que depois eram revendidas para um receptador.
"Eles compram principalmente celulares de última geração, que são revendidos em lojas da capital paulista e também no mercado clandestino", explica o delegado Hiltom Muller Rodrigues, que comanda a operação e que foi a São Paulo para o cumprimento de buscas e prisões.
Em Porto Alegre, a investigação, que começou no fim de dezembro do ano passado, quando foi identificada uma transportadora de fachada, em Viamão, na Região Metropolitana da capital gaúcha, usada para lavar dinheiro, e um salão de beleza, localizado em uma galeria no centro de Porto Alegre, usado para esquentar gastos feitos com os cartões.
Uma mulher foi identificada como responsável por passar as fichas com todos os dados das vítimas. Ela trabalha em um imobiliária em Porto Alegre e desviava os dados para o amante, gerente do golpe em Porto Alegre.
O acesso aos dados privilegiados deu nome a operação Privilege, que teve a participação de 50 policiais. A ação foi coordenada pelo delegado Hilton Müller Rodrigues, da 3ª Delegacia de Polícia de Porto Alegre, e cumpriu 11 mandados de prisão e 12 de buscas e apreensões em Porto Alegre, Viamão, na Região Metropolitana, e em São Paulo.
Foram identificadas, somente na investigação, 29 vítimas, que sofreram um golpe que chega a R$ 422 mil. Em alguns casos, elas eram lesadas sozinhas em mais de R$ 30 mil. Mas a polícia já tem indícios de que esse número é ainda maior.
Os presos serão indiciados por associação criminosa, estelionato e lavagem de dinheiro.
Fonte: G1