Há pelos 10 dias o Brasil vem assistindo uma situação inédita – dois ministros da Saúde se apresentando de público, embora legalmente se tenha um só, o general Eduardo Pazuello, e o outro, o médico cardiologista Marcelo Queiroga.
Em vários momentos os dois deram entrevista coletiva, juntos, um apoiando o outro como se tudo fosse absolutamente normal. Mas aí vem a pergunta – por quê não sai no Diário Oficial da União a exoneração do general e a nomeação do cardiolista? Veio a resposta.
A lei 8.112/1990 proíbe que servidores públicos da União participem "de gerência ou administração de sociedade privada" embora possam ser sócios. Ele é um dos 19 sócios da Cardiocenter, que funciona no Hospital Alberto Urquiza Wanderley, da Unimed – único com a função de administrador, em João Pessoa, na Paraíba.
A decisão do Planalto de expor os dois ministros tem objetivos definidos. Primeiro, Impedir novas pressões da mesa da Câmara Federal na indicação da cardiologista Ludhmila Hajjar, que não aceitou o cargo por divergência com o presidente, na definição de conceitos para uma política de saúde para o Brasil.
Segundo, enxertar ações de defesa de Pazuello nos processos a que responde no STF por incompetência no gerenciamento da pandemia do Covid-19.
Mas tem um outro ponto. O presidente Jair Bolsonaro não conversou com o cardiologista antes de anunciá-lo como ministro? talvez não porque foi o senador Flávio Bolsonaro quem indicou Queiroga. Então o médico omitiu que é proprietário e administrador de uma clínica na Paraíba.
Mas numa ação tardia as cabeças pensantes do Palácio do Planalto descobriram a sociedade de Queiroga e estão aguardando a solução. É muito simples. O contador da clínica em que o cardiologista é sócio oficializa na Junta Comercial a retirada de Queiroga da função de administrador e ponto final.
Mas por quê não fizeram ? O Planalto está brincando de administrar o pais.
Por Alberval Figueiredo
Jornalista do LD Notícias