O nadador americano James Feigen prestou novo depoimento à Polícia na noite desta quinta-feira (18) e pediu desculpas à polícia pelo transtorno e pela repercussão causada por toda a polêmica. Após pagar multa, ele pode voltar aos Estados Unidos um dia depois de seus companheiros já terem sido liberados. Gunnar Bentz e Jack Conger embarcaram na noite desta quinta. As informações são do Bom Dia Rio.
Feigen, que foi indiciado por falsa comunicação de crime, foi ao Juizado do Torcedor e dos Grandes Eventos e pediu desculpas pelo ocorrido. Ele fez acordo para pagar R$ 35 mil. O acordo foi selado após negociação em uma audiência que durou quatro horas. O nadador saiu às 3h30 do local e não falou com os jornalistas. O dinheiro, convertido em material esportivo, será doado para o Instituto Reação, ONG que funciona na Rocinha, na Zona Sul do Rio.
No depoimento, ele afirma que soube das declarações do companheiro de equipe Ryan Lochte sobre o ocorrido à mídia internacional e as considerou inverídicas. Feigen disse não saber porque o compatriota deu essas declarações.
Feigen disse ainda que viu Lochte puxando um painel publicitário que estava afixado na parede, e que não sabe o motivo pelo qual ryan tomou tal atitude.
Em depoimento, Gunnar Bentz disse que ele e os amigos temeram que o atleta Ryan Lochte promovesse confusão ainda maior no posto de combustíveis onde pararam no trajeto entre uma festa na Zona Sul do Rio e a Vila Olímpica, na Zona Oeste. O tumulto ocorrido no local está por trás do falso relato de assalto narrado por Lochte à imprensa internacional.
Segundo consta no Termo de Declaração assinado por Bentz, ao qual o G1 teve acesso, Bentz relatou que ao pararem no posto para urinar, Lochte quebrou uma placa publicitária que estava pregada na parede, o que provocou muito barulho. Bentz afirmou aos policiais que após o ocorrido ele e os demais jogadores decidiram sair logo do posto, temendo que Lochte danificasse mais coisas.
Bentz destacou que foram impedidos de deixar o local por homens armados, que não falavam inglês, e que teriam exibido algum tipo de distintivo. Ele contou que Ryan Lochte discutiu com estes homens e que ele pediu ao amigo para se acalmar.
A aproximação de um outro homem que falava inglês permitiu que a situação fosse esclarecida. Bentz esclareceu que ofereceu, sem que lhe fosse exigido, US$ 20 dólares que tinha no bolso e que entregou este dinheiro aos homens, enquanto o colega Jimmy entregou ao menos uma nota de R$ 50.
O nadador Peet Conger também afirmou em seu depoimento que foi Lochte quem quebrou a placa publicitário no posto de combustíveis. Ele ressaltou ainda que viu pelo noticiário que o colega mentiu ao dar entrevista relatando o falso assalto.
Antes mesmo de ouví-los, a Polícia Civil já havia afirmado que era fantasioso o relato de Lochte à imprensa americana de que eles haviam sido assaltados após sair de uma festa rumo à Vila Olímpica. A reviravolta no caso aconteceu após a divulgação das imagens da confusão ocorrida no posto de combustíveis.
Bentz e Conger foram impedidos de deixar o Brasil quando já estavam embarcados no voo que os levaria de volta aos Estados Unidos. Eles tiveram os passaportes retidos e os documentos só lhes foram devolvidos após prestarem os depoimentos.
Procurados pela polícia após a repercussão do suposto assalto, Lochte e o também nadador James Feigen mantiveram a versão do assalto, mas apresentaram contradições, o que levou os investigadores a desconfiarem da história. Após ficar comprovada a farsa, a polícia informou que os dois serão indiciados por falsa comunicação de crime.
Prevista no artigo 340 do Código Penal, a "falsa comunicação de crime" significa "provocar a ação de autoridade, comunicando-lhe a ocorrência de crime ou de contravenção que sabe não se ter verificado". A pena é de detenção, de um a seis meses, ou multa.
'Tentaram fugir', diz testemunha
Um rapaz que estava no posto de gasolina do Rio durante o tumulto envolvendo os nadadores disse que ajudou os atletas e seguranças do local a se comunicarem. Em entrevista ao repórter André Luiz Azevedo, do Jornal Nacional, a testemunha afirmou queos americanos pediram para que polícia não fosse chamada e que os quatro estrangeiros ofereceram dinheiro para reparar os estragos causados no posto.
"Os dois seguranças estavam tentando conversar com eles, só que os seguranças não estavam conseguindo entender a língua deles, não sabiam falar inglês, e eu resolvi interferir. Teve um momento que eles tentaram fugir, e aí foi quando os seguranças abordou", relatou o DJ Fernando Deluz.
Segundo a testemunha, após um dos funcionários do posto mostrar a placa de propaganda quebrada durante a arruaça, os nadadores começaram a perguntar em inglês quanto que era para poder pagar.
"Em nenhum momento ninguém encostou neles. Os seguranças não encostaram neles, não teve voz de prisão nem nada. Iam chamar a polícia. Ai eles não quiseram que chamasse a polícia, ficaram pedindo please, please, no, plese. Aí ele perguntou pra mim em inglês quanto era para pagar", disse o DJ.
"Eu perguntei para o rapaz e ele falou: ‘A gente paga R$ 100 normalmente para arrumar esse banner quando quebra’. Aí eu falei para eles o valor que era, aí um deles me deu duas notas de 50, o outro uma de 20 dólares. Do jeito que eu peguei o dinheiro eu entreguei na mão do segurança, o segurança entregou na mão do funcionário e tranquilo. Falou: ‘Entrega pro gerente e depois conserta’. Aí eu fui, conversei com eles, falei: 'That's ok, bye bye'", explicou.
Reprodução/G1