Um homem de 26 anos de idade foi preso em flagrante na manhã de quarta-feira (23) e acabou indiciado por feminicídio por suspeita de assassinar a mulher, de 20 anos, com um tiro na cabeça, dentro de casa, onde também mora a filha do casal, de 1 ano, em Mauá, na Grande São Paulo. É a sexta morte de mulher pelo marido ou ex-companheiro na Região Metropolitana e Capital em uma semana, mas a primeira a ser considerada oficialmente pela polícia como vítima de feminicídio.
O calceteiro (que trabalha na pavimentação de calçadas) Marcelo da Silva Azevedo negou o crime, alegando que Laniele Santos Duque da Silva disparou contra si mesma enquanto brincava com a arma, um revólver calibre 38. A perícia, no entanto, descartou a possibilidade de morte acidental.
Para a investigação do 1º Distrito Policial (DP) de Mauá, Marcelo matou a mulher, Lanieli pela condição do gênero feminino dela. Preso pela Polícia Militar e indiciado pela Polícia Civil, ele seria levado à audiência de custódia no Fórum de Santo André.
O feminicídio é uma qualificadora do homicídio. Sancionada em 2015 por uma lei federal, que transformou em hediondo o assassinato de mulher motivado justamente por sua condição de mulher. Isso acarreta um aumento da pena, no caso de eventual condenação, que pode ser de 12 a 30 anos de prisão.
O G1 não conseguiu confirmar se Marcelo constituiu um advogado para defendê-lo e nem localizou quem seria seu possível defensor para comentar o caso. A reportagem também não encontrou familiares da vítima para falar.
'Jamais trate uma mulher como lixo'
“Jamais trate uma mulher como lixo – Porque lixo vira arte na mão de quem tem talento”, havia postado Lanieli um mês antes de morrer. A postagem, que é uma crítica àqueles que maltratam mulheres, tem a foto de uma mulher e foi compartilhada por ela no dia 16 de julho.
Segundo a ocorrência, policiais militares foram acionados pela vizinha do casal, que escutou um 'estouro oco' vindo de dentro da casa de Lanieli e Marcelo e depois o choro da filha deles. Ela ainda contou que o homem gritou duas vezes o nome da mulher e o viu saindo com a criança no colo pelas escadas.
A vizinha entrou na casa e viu Lanieli caída no quarto com sangue em volta. Então pediu ajuda. A morte da mulher foi confirmada no local por médicos que constaram que ela foi baleada no crânio. A Polícia Militar (PM) passou a procurar Marcelo, que foi encontrado em um bar, depois de ter deixado a bebê com a mãe dele.
Ao ser abordado, o marido disse que a mulher manuseava um revólver e disparou contra a própria cabeça. Alegou ainda que não a socorreu porque ela já estava morta. Peritos, porém, descartaram essa versão porque o ferimento em Lanieli foi do lado esquerdo e ela é destra. Além disso, a trajetória da bala indica que alguém mais alto atirou de cima para baixo.
Marcelo não informou aos PMs onde a arma estava. Em cima da cama do casal estavam duas munições de calibre 38 que foram apreendidas, enquanto ele foi detido e levado à delegacia por suspeita de assassinato.
Reprodução/G1