O Ministério Público Federal (MPF) entrou com recurso na segunda-feira (24) contra a sentença do juiz Sérgio Moro que absolveu a mulher do ex-governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral, Adriana Ancelmo, em um processo da Operação Lava Jato. O recurso deve ser encaminhado para o Tribunal Regional Federal da 4ª Região, em Porto Alegre.
Adriana Ancelmo foi absolvida dos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro na ação que apurou o pagamento de vantagem indevida a Sérgio Cabral e mais quatro pessoas a partir do contrato da Petrobras com o Consórcio Terraplanagem Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj), formado pelas empresas Andrade Gutierrez, Odebrecht e Queiroz Galvão.
Segundo Moro, não havia prova suficiente de autoria ou participação de Adriana nas irregularidades. Os procuradores questionam esta avaliação. Eles pedem a condenação da ex-primeira-dama do Rio por 47 crimes de lavagem de dinheiro e por ter recebido parte da propina paga, de acordo com a acusação, pelas empreiteiras.
"Data venia, este entendimento não merece prosperar. Como indicado na inicial e comprovado durante a instrução processual, é certo que Adriana Ancelmo recebeu em nome de Sérgio Cabral parte dos valores pagos pela Andrade Gutierrez a título de propina, com total ciência da origem espúria do dinheiro", argumenta a força-tarefa.
Demais condenados
O MPF também recorreu contra a dosimetria – a pena – aplicada pelo juiz Sérgio Moro contra Sérgio Cabral, Wilson Carvalho, que foi secretário do Governo do Rio de Janeiro, e Carlos Miranda, sócio do ex-governador.
Neste processo, o ex-governador foi condenado a mais de 12 anos de prisão também pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Sérgio Cabral está preso no Rio de Janeiro.
Pelos mesmos crimes, Wilson Carvalho foi condenado a 10 anos e 8 meses, e Carlos Miranda a 12 anos de reclusão.
Para a força-tarefa, as penas devem ser maiores.
“O sujeito que se vale de relevante posição social e/ou profissional para cometer delitos, com motivações torpes e egoísticas, deve ter sua conduta social valorada negativamente. Deve-sepreservar o valor social do trabalho, reafirmando a noção de que o sucesso profissional é possível por meios lícitos. Considerar a conduta social dos apelados como neutra é cristalizar na sociedade a sensação de que o êxito empresarial depende da abdicação da ética”.
Dinheiro bloqueado
A conta da Justiça Federal do Rio de Janeiro recebeu R$ 10 milhões apreendidos pela Justiça Federal do Paraná nas contas da ex-primeira-dama do Rio. A decisão do juiz Sérgio Moro aconteceu apesar da absolvição da mulher.
No Rio de Janeiro, Adriana ainda responde a processos por integrar, segundo o Ministério Público Federal, o esquema de corrupção comandado pelo marido, o ex-governador Sérgio Cabral. Atualmente, ela está em prisão domiciliar.
Reprodução/G1