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MP e polícia recebem mais de 400 denúncias e investigam se João de Deus lavou dinheiro

Médium nega as acusações. Ele se entregou à Polícia Civil neste domingo em uma estrada de terra de Abadiânia.

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Promotores e delegados que compõem forças-tarefas para apurar suspeitas de abuso sexual contra o médium João de Deus â?? Foto: Sílvio Túlio/G1

O Ministério Público e a Polícia Civil informaram nesta segunda-feira (17) que receberam mais de 400 denúncias de mulheres que dizem ter sido abusadas por João de Deus, em Abadiânia. Desse total, 45 prestaram depoimento formalmente. Além destes crimes, os órgãos também apuram denúncias de lavagem de dinheiro e conivência de outras pessoas. O médium nega acusações.

A Polícia Civil declarou que o líder religioso será ouvido "quantas vezes for necessário" durante as apurações. Delegados e promotores que compõem as forças-tarefas que investigam os crimes se reuniram no período da tarde na Secretaria de Segurança Pública.

De acordo com o promotor Luciano Meirelles, o MP já recebeu mais de 400 denúncias por e-mail, sendo que já foram formalizados pelo órgão 30 depoimentos. Ele afirma que há relatos de mulheres de mais da metade dos estados brasileiro e de seis países, como EUA, Alemanha, Suíça e Bolívia.

"Temos depoimentos do Brasil inteiro, São Paulo, Pernambuco, Minas Gerais. Esses relatos já foram formalizados", declarou.

Já o delegado-geral da Polícia Civil, André Fernandes, afirmou que a corporação já ouviu 15 mulheres que relatam ter sofrido abusos sexuais do médium. Ele disse acreditar que o número vai crescer a partir da parceria com o MP.

"É muito dinâmico. O MP vai contribuir com várias informações que foram colhidas por eles e serão enviadas para a polícia. Esses dados precisarão de uma nova análise por parte da polícia investigativa", disse.

O médium João de Deus se entregou à Polícia Civil â?? Foto: Ernesto Rodrigues/Estadão Conteúdo

O que diz a defesa
O advogado Alberto Toron, que defende o médium, disse que tem “sérias dúvidas sobre os depoimentos incriminatórios”. “Tivemos acesso a parte dos depoimentos e sem fotos das vítimas, então alguns casos ele não se lembra. E tem relatos de mulheres que dizem ter sido abusadas e voltaram lá outras vezes. Então, é preciso escrutinar tudo com calma para que não haja um linchamento”, explicou.

O defensor disse ainda que o médium alega inocência e que acredita que isso é uma armação contra ele. “O senhor João acha que tem gente que o quer destruir”, completou.

Sobre a movimentação de R$ 35 milhões nas contas de João de Deus, o advogado explicou que não houve nenhum saque. "Não houve nenhuma movimentação. Ele simplesmente baixou as suas aplicações para fazer frente às necessidades dele. O que se reputou que seria dinheiro para ele poder fugir cai por terra quando ele se apresenta. Ele se apresentou dando mostras claras de que respeita a Justiça e o Poder Judiciário e por isso está à disposição", explicou.

G1 // AO

Nesse sentido, o delegado reafirmou que João de Deus será ouvido novamente "quantas vezes forem necessárias".

Prisão
João de Deus teve a prisão decretada na sexta-feira (14) a pedido da Polícia Civil e do Ministério Público Estadual de Goiás (MP-GO). No domingo, ele se entregou à polícia em uma estrada de terra em Abadiânia, no Entorno do Distrito Federal. Ele foi trazido para Goiânia e, após prestar depoimento, encaminhado ao Instituto Médico Legal (IML) para exame de corpo de delito.

O líder religioso dormiu em uma cela de 16 m² no Núcleo de Custódia do Complexo Prisional de Aparecida de Goiânia, na Região Metropolitana da capital. De acordo com a assessoria de imprensa da Diretoria-Geral de Adminisitração Penitenciária (DGAP), o médium passou a noite bem, dormiu junto com outros três presos e comeu pão com manteiga e achocolatado nesta manhã. O órgão informou ainda que João de Deus está recebendo todos os medicamentos que ele faz uso contínuo.

A defesa informou que o médium está abatido e passou a primeira noite em um colchão no chão.

O médium prestou depoimento durante 3h na Delegacia Estadual de Investigações Criminais (Deic), em Goiânia, totalizando sete páginas de respostas às perguntas dos delegados. Durante o interrogatório houve uma pane elétrica que causou uma interrupção breve.

Os delegados informaram que o preso ficou calmo durante o depoimento, com exceção do momento em que falou de uma vítima de quem se lembrava e ficou nervoso. O delegado-geral André Fernandes disse que João deve ser ouvido novamente.

G1 // AO