Brasil

Moradores de área ocupada tentam resistir a ordem de reintegração de posse em SP

Elas fazem barricadas com madeira e pneus; 1 policial ficou ferido por explosivo

NULL
NULL

 src=Ao menos 400 policiais militares, oficiais de Justiça e representantes de secretarias municipais de Campinas (SP) tentam cumprir uma reintegração de posse na área denominada “Ocupação Mandela”, na manhã desta terça-feira (28), no Jardim Capivari. As 600 famílias, que ocupam o local desde julho de 2016, tentam resistir com barricadas formadas com madeira e pneus.

Por volta das 8h30, houve um incêndio em uma das entradas, onde a maior parte dos policiais militares estão concentrados.

Um policial militar se feriu ao ser atingido por um explosivo, segundo informações da EPTV, afiliada da TV Globo. Homens do Corpo de Bombeiros, Guarda Municipal, Samu e também da Empresa Municipal de Desenvolvimento de Campinas (Emdec), que cuida do trânsito, estão no local. O helicóptero Águia da PM também dá apoio à ação. No início da manhã, foi possível ver fumaça na área.

A polícia chegou nos arredores da ocupação do Jardim Capivari antes das 5h. Ao se aproximarem das entradas, os PMs foram recebidos com pedras, paus e alguns explosivos. O PM atingido se feriu levemente. Todos os acessos à ocupação foram cercados pela polícia.

Por conta da resistência, um grupo de parlamentares e advogados dos moradores se reuniram com o coronel da PM Marci Elber para tentar uma solução pacífica para o cumprimento da ordem judicial nesta terça.

Vizinhos

Os vizinhos disseram que, no bairro, eles podem deixar as casas e seguir para o trabalho, por exemplo. Mas, ninguém pode entrar na área cercada pelos policiais nesta manhã. A imprensa está concentrada em um local atrás da barreira formada pelos PMs, uma área de isolamento.

População na ocupação

A reintegração foi pedida pela empresa Cerâmica Argitel Ltda, dona da área. Os manifestantes alegam que pretendem adquirir a área, que não seria ocupada há 40 anos. De acordo com os manifestantes, na ocupação existem 282 crianças, 141 adolescentes, 28 gestantes, 24 idosos, cinco cadeirantes e centenas de adultos.

Reuniões

A Polícia Militar informou, por meio de nota, que participou de reuniões prévias com oficiais de Justiça, representantes e advogados dos moradores, além de vereadores para discutir a desocupação ao longo das últimas semanas.

Segundo a corporação, as reuniões serviram para os policiais informarem sobre a ação desta terça-feira, para explicar como seria feito para garantir a segurança dos oficiais de Justiça, e outras pessoas que atuam na reintegração de posse, além da segurança dos moradores.

O advogado dos moradores, Alexandre Mandl, disse que os moradores ficaram sabendo da reintegração pela imprensa e que dificultarão os trabalhos da polícia. Uma questão levantada pelo grupo é que não sabem para onde irão com a saída forçada.

"Não foram apresentadas questões de segurança para cumprir essa reintegração de posse, número de políciais, estratégias que serão adotadas. As famílias não foram comunicadas, ficaram sabando da reintegração pela imprensa", disse o advogado.

Reprodução: G1