O ministro da Agricultura, Blairo Maggi, projetou nesta quarta-feira (22) que o Brasil deverá ter um prejuízo de até US$ 1,5 bilhão por ano devido aos desdobramentos da Operação Carne Fraca. Segundo ele, a participação do Brasil no mercado mundial deve diminuir até 10%.
Desde que foi anunciada a operação Carne Fraca, da Polícia Federal, alguns países anunciaram restrições à compra da carne brasileira.
Nesta quarta-feira (22), a África do Sul e Egito comunicaram que suspenderam a importação de carne de frigoríficos envolvidos na operação. Antes, pelo menos outros seis países haviam anunciado restrições à carne brasileira: México, Japão, Chile, Suíça, China e Hong Kong – os dois últimos são os principais compradores de carnes do Brasil.
A União Europeia também anunciou sanções. A Coreia do Sul chegou a anunciar a suspensão de importação de frango, na segunda, mas voltou atrás nesta terça.
"Se me perguntar qual o prejuízo que espero, a grosso modo, algumas contas que a gente faz preveem que o Brasil terá uma oscilação de mercado de 10%, aproximadamente", disse Maggi durante audiência conjunta das comissões de Assuntos Econômicos e Agricultura, do Senado.
De acordo com ele, esse 10% de redução são sobre "um volume de US$ 15 bilhões que exportamos por ano", em carnes e derivados, informou. Por isso a previsão de que o prejuiízo pode atingir US$ 1,5 bilhão.
Em 2016, segundo o Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços, o Brasil exportou US$ 13,49 bilhões em carnes para 137 países. Desde que a Operação Carne Fraca foi deflagrada, porém, o valor das exportações caiu expressivamente.
Durante sua apresentação, o ministro citou os dados da exportação de carnes. Segundo o ministro, a média diária de exportação é de cerca de US$ 63 milhões. Essa média caiu para US$ 74 mil na terça-feira (21).
"Estamos falando em números estratosféricos. Não sabemos ainda o tamanho da pancada que vamos receber", reconheceu.
Blairo Maggi destacou que a expectativa do governo é de que as restrições dos países exportadores fiquem apenas nos 21 frigoríficos que são investigados pela Polícia Federal.
“Minha expectativa é deixar circunstanciado nessas 21 plantas. Já fizemos um auto embargo até que elas sejam fiscalizadas. Se ficarmos nessas 21 plantas, é o melhor dos mundos”, afirmou.
O ministro relatou ainda que o Brasil planejava chegar a 10% do mercado mundial de carnes em cinco anos – hoje, essa participação é de 6,9%. Na avaliação dele, porém, o país estará "no lucro" se mantiver o atual percentual.
"Não consigo imaginar indo para 10% de participação no mercado mundial", afirmou.
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Denúncias
Blairo Maggi foi questionado pelos senadores Gleisi Hoffmann (PT-PR) e Lasier Martins (PSD-RS) se nunca havia ouvido comentários sobre irregularidades dentro do sistema de fiscalização do Ministério.
O ministro disse que comentários sempre existiam, e que as investigações internas sempre aconteceram, mas que os procedimentos são lentos e conduzidos de uma forma “diferente” do que a da Polícia Federal.
“Nem sempre [as investigações internas] são na velocidade que gostamos, porque o próprio corpo do ministério conduz isso diferente do que está acontecendo com uma operação policial, que vem de fora, que vai e olha com todo rigor, sem a preocupação se tem um amigo lá”, declarou.
Gleisi Hoffmann questionou sobre supostas pressões políticas dentro do Ministério – nesta terça (21), a ex-ministra e atual senadora Kátia Abreu disse que sofreu pressões de deputados peemedebistas enquanto chefiou a pasta para não demitir servidores suspeitos.
O ministro admite que existe “pressão política” dentro dos ministérios e que, muitas vezes, há rachas dentro das superintendências. Blairo ressaltou ainda que não é contra a investigação dos fatos.
Reprodução/G1