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Mercado tem 26,3 milhões de trabalhadores subutilizados, diz IBGE

No final de 2016, taxa era de 22,2%.

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Pessoas procuram vagas em São Paulo (Foto: Paulo Whitaker/Reuters)

O mercado de trabalho brasileiro encerrou o segundo trimestre do ano com 26,3 milhões de trabalhadores desocupados e subocupados – cerca de 200 mil a menos que no trimestre anterior. É o que aponta a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) divulgada nesta quinta-feira (17) pelo Instituto Nacional de Geografia e Estatística (IBGE).

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A taxa ficou em 23,8% no segundo trimestre, o que representa uma queda de 0,3% em relação ao trimestre anterior. “Isso indica estabilidade da taxa”, apontou o coordenador de Trabalho e Rendimento do IBGE, Cimar Azeredo.

A taxa composta de subutilização da força de trabalho agrega os trabalhadores desempregados, aqueles que estão subocupados (por poucas horas trabalhadas) e os que fazem parte da força de trabalho potencial (não estão procurando emprego por motivos diversos).

Os dados fazem parte da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) Contínua – Trimestral para Brasil, Grandes Regiões e Unidades da Federação, referentes ao trimestre encerrado em junho.

Os principais resultados da Pnad Contínua já foram divulgados no dia 28 de julho e mostraram uma taxa de desemprego de 13,0%, resultado 0,7 ponto percentual menor que no trimestre encerrado em março.

Regiões e setores

O detalhamento da PNAD apresentado nesta quinta-feira mostrou, ainda, que, à exceção do Nordeste, o número de desempregados caiu em todas as grandes regiões do país entre o primeiro e o segundo trimestre do ano. Apesar disso, conforme enfatizou o coordenador da pesquisa, “em relação ao ano passado, o quadro continua crítico em todas as regiões”.

A subutilização da força de trabalho é mais intensa no Nordeste. Lá, a taxa ficou em 34,9% no segundo trimestre, distante 11,1% da média nacional. “No Piauí, essa taxa ficou em 38,6% e no Maranhão em 37,7%. Ou seja, nestes estados falta trabalho para quase 40% da população”, enfatizou Azeredo.

A Região Norte foi a segunda que apresentou esta taxa acima da média nacional. Lá, 26,8% dos trabalhadores ou estão desempregados ou trabalhando menos do que gostariam. No Sudeste, a taxa ficou em 20,9% e no Centro-Oeste em 17,4%.

A Região Sul foi a que apresentou a menor taxa de subutilização da força de trabalho (14,7%), sendo que em Santa Catarina ela ficou em 10,7% – a menor entre todos os estados brasileiros.

Pernambuco (18,8%) e Alagoas (17,8%) registraram as maiores taxas de desocupação no 2º trimestre 2017 frente ao trimestre anterior, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua.

"A desocupação só não foi pior em função de se ter grupamentos como alojamentos e alimentação, caso de terem pessoas vendendo quentinhas nas ruas, dando um jeito de fugir da situação do desemprego.Mas, é uma situação bastante crítica ainda. Grupamentos como a indústria e a construção apresentam, em relação ao ano passado, uma queda expressiva da ocupação no Rio de Janeiro" detalhou Azeredo.

"É importante destacar que todo esse quadro desfavorável do mercado de trabalho mostrando que o Nordeste tem mais postos de trabalho informais, mais postos de trabalho de baixa qualidade, que isso continua e foi potencializado com essa crise econômica e política que o país vem atravessando", destacou o pesquisador.

O setor que mais puxou a alta no número de trabalhadores ocupados foi o industrial. Segundo Cimar Azeredo, esta alta na contratação da indústria foi mais intensa em São Paulo. O economista ponderou que este é o bom sinal para o mercado de trabalho.

“São Paulo, querendo ou não, tem um efeito ‘farol’. Em processos de crise, já observamos que quando São Paulo começa a apresentar sinais de recuperação, logo em seguida estes sinais se disseminam nas outras regiões”

Azeredo destacou que a taxa de desocupação apresentou queda em 11 das 27 UFs analisadas pelo IBGE. Em outras 14, a taxa ficou estável. Somente Rio de Janeiro e Pernambuco apresentaram aumento da taxa de desocupação.

“O Rio de Janeiro teve uma taxa de ocupação estável e um aumento de 114 mil desocupados. Hoje, o Rio tem 1,3 milhão de desocupados, um aumento de quase 10% em relação ao trimestre anterior”, destacou o pesquisador.

Já em Pernambuco, Azeredo chamou a atenção para o fato de que houve uma queda de 10,6% no número de postos de trabalho com carteira assinada. Isso significa que no primeiro semestre do ano, 117 mil trabalhadores perderam o emprego formal no estado.

“Essa queda se deu principalmente no grupamento da agricultura. No ano, chegou a reduzir em 22% o número de carteira de trabalho neste setor”, enfatizou o pesquisador. Questionado sobre o motivo que levou a esse efeito no setor agrícola justamente num ano em que o país registra super safra, Azeredo disse que o levantamento do IBGE não foi capaz de apontar. “Precisamos investigar melhor este movimento”.

Cai a diferença na desocupação entre homens e mulheres

A PNAD mostrou que houve significativa diminuição da diferença da taxa de desocupação entre homens e mulheres ao longo da série histórica da pesquisa. No primeiro trimestre de 2012, a diferença era de 10 pontos percentuais. No segundo trimestre deste ano a diferença foi de apenas 0,6%.

Isso não mostra que a situação das mulheres está melhor ou que elas não estejam perdendo emprego, segundo o IBGE. As mulheres ainda são maioria na população de desocupados. O que acontece é que os homens estão perdendo mais emprego que elas, principalmente por causa do efeito da crise econômica no setor da construção”, ponderou Cimar Azeredo.

51,1% dos desocupados não completaram o ensino médio

O desemprego no país atinge com maior intensidade aqueles trabalhadores que não completaram o ensino médio. Este grupo, segundo o IBGE, corresponde a 51,1% do total de desempregados.

Por outro lado, os que não chegaram a completar o ensino médio somam 55% dos trabalhadores ocupados atualmente. Os trabalhadores com nível superior completo somam 12,9% do total de ocupados.

População empregada e rendimento

A população ocupada no 2º trimestre de 2017, estimada em 90,2 milhões de pessoas, possuía 68,0% de empregados (incluindo domésticos), 4,6% de empregadores, 24,9% de pessoas que trabalharam por conta própria e 2,4% de trabalhadores familiares auxiliares. Nas regiões Norte (31,8%) e Nordeste (29,8%), o percentual de trabalhadores por conta própria era superior ao das demais regiões.

No 2º trimestre, 75,8% dos empregados do setor privado tinham carteira de trabalho assinada. As regiões Nordeste (60,8%) e Norte (59,0%) tinham as menores estimativas desse indicador. Entre os trabalhadores domésticos, a pesquisa mostrou que 30,6% deles tinham carteira de trabalho assinada. No mesmo trimestre de 2016, essa proporção havia sido de 33,2%.

Tanto o rendimento médio real (R$ 2.104) de todos os trabalhos quanto a massa de rendimento médio real (R$ 185,1 bilhões) ficaram estáveis no 2º trimestre de 2017.

Reprodução/G1