Uma menina de 8 anos e a avó dela, de 51, foram baleadas em uma tentativa de assalto na Rodovia Rio-Santos, em Bertioga, no litoral de São Paulo. Elas retornavam para casa em um carro com motorista particular quando foram surpreendidas por um homem armado na pista. O veículo foi atingido sete vezes.
A tentativa de roubo ocorreu nas proximidades do Km 217, no bairro Chácara Vista Linda, durante a madrugada. Segundo a Polícia Civil, o condutor reduziu a velocidade por causa de uma lombada eletrônica e, nesse momento, um homem armado, vestindo um casaco branco, pulou na frente do carro ordenando a parada.
O veículo era conduzido por um motorista de 35 anos. "O cara estava ali porque sabia que os carros tinham que diminuir [a velocidade]. Ele chegou a botar o pé no meu capô, mas eu acelerei. Nunca tive uma reação semelhante, não sei o que aconteceu. Foi um negócio sem explicação. Daí, ele começou a atirar", desabafou.
O condutor transportava um metalúrgico, de 54 anos, a esposa dele, a neta do casal e outro neto, de 9 anos. "Quando o cara saiu da frente e começou a atirar, eu gritei para o motorista: 'pisa, pisa, motorista, pelo amor de Deus'. Eu segurei meus netos para protegê-los. Eu só queria sair dali. Eram muitos tiros", disse a mulher.
Em seguida, o condutor conseguiu acelerar. "Quando eu botei a mão no meu rosto, vi sangue. Achei que eu tivesse sido atingido, mas eram os estilhaços do vidro. Uma bala, que atravessou a janela, perdeu a força e parou no meu casaco, na altura do meu peito. Ali, naquele momento, eu nasci de novo", contou o motorista.
A família estava retornando de uma festa em Poá, na Região Metropolitana de São Paulo. "Eu percebi que tinha sido baleada no ombro, então seguimos para o hospital. Lá, nós vimos que minha neta tinha sido baleada na perna. Era para nós estarmos mortos. Aquele cara não foi só para roubar, foi para matar".
No Pronto-Socorro de Bertioga, as duas foram atendidas imediatamente. A mulher foi submetida a uma cirurgia para a retirada do projétil. Os médicos, entretanto, acharam melhor não realizar o procedimento na criança. "Ela teve o osso quebrado e a bala ficou perto de uma veia importante", explicou a avó.
O caso está registrado na Delegacia Sede de Bertioga, que ainda não identificou o possível atirador. Policiais militares rodoviários, acionados na ocasião, também não encontraram o criminoso. "Quando eu vejo o que aconteceu, agradeço por todos terem sobrevivido, pois eram minha responsabilidade. Uma vida não tem como a gente repor. Bem material a gente trabalha para conseguir comprar novamente. Nós nunca estamos preparados para isso", fala o motorista, que também trabalha em um serviço de aplicativo de transporte.
A menina deve passar por uma nova avaliação médica no domingo (6), para marcar a cirurgia. "Nós vivemos no país da impunidade. Queria ver se o motorista tivesse atropelado o cara, o que iam falar. Desde então, eu vou dormir e vejo aquele homem entrando na frente do carro. É assustador. Isso acabou com a gente", desabafou a mulher.
Fonte: G1