"Acho que o golpe não pegou", disse Michel Temer em entrevista, questionado se o governo combateria o termo "golpista". Para o peemedebista, o termo avançou como um "movimento político" que, como tal, inclusive, é até "bem pensado". O presidente voltou a reforçar que "em nenhum momento" disse que vai acabar com os direitos trabalhistas, e que a ideia de eleições presidenciais antecipadas não é constitucional.
"Eu quero que explique o golpe. Eu quero debater o golpe, quero que tenham argumentos. Porque o que está infernal no Brasil é essa irascibilidade. Isso está infernizando o país. Me digam qual é o golpe? Eu só quero governar", disse Temer ao O Globo, em entrevista publicada neste domingo (11). De acordo com o jornal, o presidente subiu o tom e bateu na mesa seguidas vezes ao falar sobre o assunto.
Michel Temer afastou a hipótese de ser candidato em 2018 — "longe de mim" — e disse que não assinaria um compromisso público neste sentido, "porque todo mundo que assina não cumpre". "Quando eu assinar, todo mundo vai dizer: olha aí, ele vai ser presidente."
Sobre não ter usado a faixa presidencial no Sete de Setembro, explicou que é "meio contrário a certas coisas", e que o uso representaria soberba neste momento.
O peemedebista comentou ainda sobre as vaias recebidas na abertura da Paralimpíada. "Eu fui preparado, chamei as vaias. Quando vim ao Rio (antes da abertura), alguém gritou: 'O senhor não vem ao encerramento com medo das vaias?' Eu disse: 'Reservem as vaias para a Paralimpíada, porque eu virei'. Vim preparadíssimo", disse ao jornal carioca.
Uma eventual delação do ex-presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, também foi tema da entrevista. Michel Temer frisou que "acha" que isto não geraria nenhum constrangimento, mas que trata-se de um "simples achismo". O agora presidente apontou que falava muito com Eduardo Cunha e que não há inconveniente nisto. "Ele não tem me procurado, se me procurar eu falo. (…) O que ele pode me pedir? Pedir para ajudá-lo", disse Temer, que não foi questionado se viria a oferecer ajuda, neste caso.
De acordo com Michel Temer, o governo prepara sua reforma trabalhista de maneira "que seja também agradável para as centrais sindicais". Ele reforçou que em nenhum momento disse que acabaria com os direitos trabalhistas. Sobre a reforma da Previdência, com a proposta de 65 anos de idade mínima para aposentadoria e regra de transição a partir dos 50 anos, ele declarou que as ideias ainda não estão concluídas.
"Quero reunir os líderes em algum momento, fazer reunião com as centrais sindicais, então vou levar um tempinho. Acho que não se consegue aprovar cedo. Vamos mandar, vai ter movimento de rua e vai levar tempo. Duvido que se discuta se tiver segundo turno nas eleições municipais", disse Michel Temer.
‘Me sinto como Carlos Magno’
Ao final da entrevista, Michel Temer declarou que se sente como o imperador Carlos Magno quando despacha na mesa presidencial com todos os assentos ocupados. "Eu me sinto aqui como Carlos Magno. Quando eu tinha 11 anos de idade, eu ganhei um livro chamado 'Carlos Magno e os 12 cavaleiros da Távola Redonda' e eu li aquele livro e era assim: os doze cavaleiros", comentou o peemedebista.
Quando questionado sobre a primeira-dama, Marcela Temer, respondeu: "Ela é muito discreta, graças a Deus. E eu mantenho muito a discrição."
Marcela deve atuar no programa Criança Feliz no governo Temer, e já tem agenda de trabalho em viagem do presidente à Assembleia Geral da ONU, em Nova York.
Jornal do Brasil