Após conseguir barrar na Câmara duas denúncias apresentadas pelo ex-procurador-geral Rodrigo Janot, Temer tem buscado se blindar com nomeações. A nomeação de Raquel Dodge para a Procuradoria ocorreu entre a votação das duas acusações. Fernando Segovia foi escolhido como diretor-geral da Polícia Federal em novembro. Agora, o atual deputado Carlos Marun (PMDB-MS) deve se tornar o novo ministro-chefe da Secretaria de Governo após a saída do tucano Antonio Imbassahy do cargo. Prestes a assumir a articulação política do governo junto ao Congresso, o ex-aliado de Cunha apresentou o relatório da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito da JBS nesta terça-feira 12. No parecer, o deputado dispara flechascontra o algoz de seu futuro chefe. Marun sugere o indiciamento de Janot por prevaricação, abuso de autoridade e “incitação à subversão da ordem política”, crime previsto na Lei de Segurança Nacional. O parlamentar pediu também o indiciamento do procurador da República Eduado Pellela, ex-chefe de gabinete de Janot na PGR.
O deputado solicitou ainda a anulação de provas que ele considera ilegais, entre elas a gravação de 7 de março entre Temer e Joesley Batista, na qual há indícios do conhecimento do peemdebista sobre a operação para silenciar o doleiro Lúcio Funaro e o ex-deputado Eduardo Cunha, ambos presos. No áudio, Temer também afirma que Rodrigo Rocha Loures, flagrado com uma mala de 500 mil reais em propina da JBS, era homem de sua "estrita confiança". Nesta segunda-feira 11, o "homem da mala" tornou-se réu. Segundo Marun, só podem serem consideradas provas lícitas as obtidas a partir de 10 de abril, quando o STF autorizou as chamadas operações controladas que flagraram Loures com a mala. O deputado do Mato Grosso do Sul assumiu a relatoria em setembro, após virem à tona indícios da participação do ex-procurador Marcelo Miller nas negociações da colaboração premiada com os empresários Joesley e Wesley Batista. O deputado notabilizou-se recentemente por dançar em comemoração à salvação de Temer pela Câmara pela segunda vez. Após apresentar o relatório, Marun tem ainda uma última missão antes de assumir a articulação política de Temer: garantir a aprovação do texto.
Reprodução: Carta Capital *Com informações da Agência Câmara
da Redação