O ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, alinhou-se ao discurso do presidente Jair Bolsonaro e afirmou, nesta quarta-feira (25), que vai rever a recomendação de quarentena contra o coronavírus.
“Faz parte dessa situação, quando se fala em quarentena, nós errarmos ou calibrarmos ou fazermos projeções um pouco fora, questionáveis por A, por B ou por C”, explicou Mandetta.
Ele disse que, ao ouvir Bolsonaro e governadores, pediu às equipes técnicas da Saúde que estudem a efetividade de novas medidas e reconsiderem o isolamento social como contenção da pandemia mundial.
“Quarentena sem prazo determinado para terminar vira uma parede na frente das necessidades das pessoas, que precisam comer, precisam abastecer suas casas, que precisam ir no supermercado, que precisam ir e vir. As questões econômicas são importantíssimas e fizeram parte da linha da fala do presidente”, justificou. "Nós, da Saúde, não podemos ser insensíveis", acrescentou.
O ministro, no entanto, reforçou que, futuramente, pode existir a possibilidade de reforçar o isolamento social. “Temos que ter muita calma, porque a quarentena é um remédio extremamente amargo, extremamente duro, e vai chegar a hora que vamos ter que usar”.
Mandetta declarou que o momento é de olhar para a população e esquecer rusgas políticas. "Talvez ao término dessa história a gente saia maior, para poder dialogar e ver que não dá mais para não ter saneamento, não dá mais para gente ter favela e achar que é cultural, não dá mais para ter o sistema de transporte hiperlotado que a gente tem e achar que é cultural. A gente vai ter que sair disso sem vencedor e sem perdedor. Sem ataque e sem apontar dedo".
Talvez ao término dessa história a gente saia maior, para poder dialogar e ver que não dá mais para não ter saneamento, não dá mais para ter favela e achar que é cultural, não dá mais para ter o sistema de transporte hiperlotado.
Sobre boatos de demissão, o ministro negou que deixará o cargo. “Eu vou deixar muito claro: eu saio daqui na hora que acharem que eu não devo mais trabalhar, o presidente achar, se eu estiver doente, o que é possível, ou no momento que eu achar que esse período todo de turbulência já tenha passado e que possa não ser mais útil”.
O número de casos da covid-19 subiu para 2.433, conforme boletim divulgado pelo Ministério da Saúde nesta quarta-feira. As mortes causadas pela doença chegaram a 57. O índice mortalidade, portanto, é de 2,4%.
Cloroquina
O Ministério da Saúde desaconselhou a compra em farmácias do medicamento cloroquina, citado por Bolsonaro em pronunciamento nacional, na terça-feira. “Existe muito pouco trabalho sobre ele [o medicamento]. Existem algumas evidências, mas muito frágeis”, sinalizou o ministro Luiz Henrique Mandetta.
Mandetta e o secretário de Ciência, Tecnologia e Insumos, Denizar Vianna, anunciaram que vão disponibilizar 3,4 milhões de unidades da cloroquina aos estados, mas com restrição para uso hospitalar e em casos graves. “Não usem esse medicamento fora do ambiente hospitalar. Isso não é seguro. Tem que ser feito de forma segura”, disse Viana.
O ministro recomendou às pessoas que compraram o remédio motivados por declarações infundadas que o devolvam. “O mais correto a fazer é pegar a caixa, entregar para o farmacêutico, a um hospital ou posto de saúde. Se você não tem malária, não tem lúpus, não tem artrite reumatoide, você não deve fazer uso desse medicamento”.
O mais correto a fazer é pegar a caixa, entregar para o farmacêutico, a um hospital ou posto de saúde.
Brasil de Fato // Itatiaia Fernandes