Atuando como lobista desde 1986 e apontado pela Lava Jato como operador de propinas do PMDB, o empresário Jorge Luz mantém em seu nome no sistema bancário apenas R$ 119,26 em uma conta no Banco Santander. A quantia foi o único valor localizado pelo sistema Bacenjud, utilizado pela Justiça Federal para cumprir ordens de retenção de valores em bancos de todo o País, após a determinação de bloqueio do juiz Sérgio Moro na Operação Blackout, 38ª fase da Lava Jato deflagrada no dia 23 de fevereiro e que levou à prisão Jorge e seu filho Bruno Luz.
Ao todo, o juiz da Lava Jato decretou o bloqueio de até R$ 50 milhões dos dois operadores do PMDB e de Apolo Santana Vieira, apontado como um dos donos do jatinho que se acidentou com o então candidato a presidente Eduardo Campos em 2014. O confisco atinge, ainda, 19 empresas dos investigados.
Nas contas de Bruno Luz foram bloqueados R$ 4.302,87. Os valores destoam das movimentações milionárias que a investigação da Lava Jato identificou envolvendo pai e filho.
Ambos são acusados de movimentarem pelo menos US$ 40 milhões em propinas para agentes públicos e políticos do PMDB, em cinco contratos da Petrobras, no Brasil, Argentina e África.
A Lava Jato considera ter identificado a rede de empresas de Luz usadas para lavar dinheiro. Por meios delas, a força-tarefa quer chegar aos valores pagos nos negócios já delatados por outros investigados e expandir as apurações.
A Receita Federal, em apoio à Procuradoria da República, também rastreou os bens e as empresas em nome de Jorge Luz e identificou que ele manteve seu CNPJ responsável apenas como procurador da offshore TBC Equity Ltda.
No Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica, consta que Luz foi sócio de apenas duas empresas – a Total Express Participações Ltda, que teve baixa em 2015, e a GEA Projetos Eireli, da qual saiu em 2011.
Entre 1990 e 1997, foi responsável pela empresa FBR Comércio e Indústria Ltda-ME. O bloqueio de Moro na Blackout também atingiu a GEA (que atualmente está em nome de uma irmã de Jorge), em cujas contas foram encontradas apenas R$ 100,66, e a FBR, em cujas contas não foi encontrado nenhum centavo.
Juntos, Bruno e Jorge têm nove empresas, todas suspeitas de serem firmas de fachada usadas para movimentação de dinheiro ilegal e fornecimento de falsos contratos. Os dois lobistas chegaram nesta quinta-feira, 2, a Curitiba, onde deverão ser chamados para depor perante os investigadores da força-tarefa da Lava Jato.
Ambos são investigados por corrupção, lavagem de dinheiro e evasão de divisas e, segundo o MPF, teriam movimentado dinheiro de propina no esquema de corrupção da Petrobras até por meio de contas no exterior, na Suíça e nas Bahamas.
Desde que a Operação Blackout foi deflagrada o PMDB vem reiterando que os envolvidos na investigação não possuem relação com o partido. O advogado de Jorge e Bruno Luz não foi localizado para comentar o caso na noite desta quinta-feira, 2.
Reprodução: UOL