O procurador da República da 4.ª Região Mauricio Gotardo Gerum afirmou nesta quarta-feira, 24, que “lamentavelmente, Lula se corrompeu”. O investigador falou durante cerca de 20 minutos no julgamento do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do ex-presidente da OAS Léo Pinheiro e outros cinco réus pelo Tribunal Regional Federal da 4.ª Região (TRF-4).
O petista foi condenado a nove anos e seis meses de prisão por corrupção e lavagem de dinheiro no caso tríplex. A sentença do juiz federal Sérgio Moro está sendo analisada pelo Tribunal da Lava Jato.
Em sua fala, Mauricio Gerum afirmou que a “promiscuidade” entre o mundo político e o mundo empresarial “nunca é inocente”. “Essa promiscuidade entre o mundo político e o mundo empresarial é rechaçada na maior parte dos países porque nunca é inocente. No Brasil, uma cultura retrógrada, contaminada por séculos de compadrio entre o poder econômico e o poder político torna aceitável essa intimidade absolutamente artificial, porque baseada apenas no toma lá dá cá”, afirmou.
O Ministério Público Federal, no Paraná, sustenta que a empreiteira pagou propina de R$ 3,7 milhões ao PT e ao ex-presidente, por meio do apartamento triplex do Guarujá e do depósito do acervo presidencial. Lula foi absolvido por Moro do crime de lavagem de dinheiro ligado a suas “tralhas” – como o próprio ex-presidente chamou as lembranças e presentes que ganhou durante os oito anos em que ocupou o Palácio do Planalto.
Mauricio Gerum disse que “causa estranheza que o presidente de uma das maiores empreiteiras do País (Léo Pinheiro) faça as vezes de mestre de cerimônia ou, segundo a tese da defesa, de corretor de imóveis na apresentação de um apartamento a um ex-presidente da República”.
Estadão Conteúdo // AO