A Justiça de São Paulo determinou, neste domingo (8), a soltura de dois dos três suspeitos presos pelo assassinato do delator Vinícius Lopes Gritzbach, no Aeroporto de Guarulhos, no dia 8 de novembro. Ambos tinham sido presos no sábado (7) pela polícia.
No entanto, o judiciário considerou ilegais as prisões de Allan Pereira Soares e Marcos Henrique Soares e decidiu soltar ambos. O terceiro detido passará ainda hoje por audiência de custódia, que avaliará a legalidade da sua prisão.
“A prisão em flagrante foi relaxada por ilegalidade, com pedido neste sentido da representante do Ministério Público”, disse, em nota, o Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP).
A ação de atiradores no aeroporto deixou duas pessoas mortas: Gritzbach e um motorista de aplicativo que estava trabalhando no local. Os dois rapazes foram apresentados ainda ontem em audiência de custódia, que resultou no relaxamento das prisões. Eles foram presos em flagrante por praticarem crime relacionado ao porte de arma de fogo e não pelo suposto homicídio ocorrido no aeroporto de Guarulhos, informou o tribunal.
O TJSP cita que a prisão ocorreu “por supostamente praticarem o crime do Artigo 16 da Lei n.º 10826/2003”, crime que inclui deter, portar, adquirir, fornecer, receber, ter em depósito, transportar, ceder, ainda que gratuitamente, emprestar, remeter, empregar, manter sob sua guarda ou ocultar arma de fogo, acessório ou munição de uso restrito, sem autorização e em desacordo com determinação legal ou regulamentar.
Após a prisão no sábado, os suspeitos foram levados para o Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), na capital paulista, onde foram ouvidos.
“Houve a apreensão de munições e aparelhos de celular, que serão periciados. As investigações seguem sob sigilo”, disse em nota a Secretaria de Segurança Pública (SSP).
Delator já foi preso na Bahia em 2023
O empresário Antônio Vinícius Gritzbach, morto a tiros de fuzil nesta sexta-feira (8) na área externa do Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos, chegou a ser preso em abril de 2023 na Bahia. Ele foi capturado pela polícia em um hotel de luxo em Itacaré, onde passou a ser investigado por comandar uma série de atividades criminosas para o Primeiro Comando da Capital (PCC).
As investigações apontaram Gritzbach como o mandante dos assassinatos de Anselmo Becheli Santa Fausta, conhecido como “Cara Preta”, e Antônio Corona Neto, o “Sem Sangue”, membros influentes do PCC, mortos em dezembro de 2021. Ele também era suspeito de lavar aproximadamente R$ 30 milhões do tráfico de drogas por meio da compra e venda de imóveis e postos de combustíveis.
Após sua prisão, Gritzbach firmou um acordo de delação premiada com o Ministério Público de São Paulo, revelando detalhes dos esquemas operados pelo PCC e fornecendo informações sobre outros crimes ligados à facção. Com isso, ele se tornou alvo da organização, que o jurou de morte em retaliação às suas delações. Em junho de 2023, as autoridades concederam liberdade condicional a Gritzbach, mas, desde então, ele vivia sob constantes ameaças.