O nome do professor Gilberto Gonçalves Garcia começou a ser cotado para ocupar o lugar de Carlos Alberto Decotelli para o cargo de ministro da Educação. Segundo interlocutores, ele teria o apoio de Antônio Veronezi, empresário da educação privada próximo de Onyx Lorenzoni, ministro da Cidadania, e do ex-ministro Abraham Weintraub.
Garcia é estudioso da área de religião, tem formação em filosofia pela UFRJ e foi reitor da Universidade Católica de Brasília até 2018. Também presidiu o Conselho Nacional de Educação (CNE) entre 2014 e 2016, durante o governo Dilma.
O perfil mais conservador tem sido colocado como um ponto positivo entre os auxiliares do presidente Jair Bolsonaro que tentam uma alternativa a Decotelli.
Bolsonaro começou a analisar novos nomes para o Ministério da Educação (MEC) após a divulgação de que Decotelli incluiu informações falsas em seu currículo. Ontem, após ter de se explicar ao presidente, o ministro falou à imprensa que continua no cargo, mas auxiliares do presidente já buscam outros nomes.
Polêmicas
Após o anúncio de seu nome ser bem recebido dentro e fora do governo, Decotelli passou a ter o currículo na plataforma Lattes, que ele próprio publica, questionado.
O doutorado pela Universidade Nacional de Rosário, na Argentina, usado por Bolsonaro ao anunciar o novo ministro, foi desmentido pelo reitor da instituição, Franco Bartolacci. Depois, Decotelli foi acusado de plagiar sua dissertação de mestrado.
Ontem, outra distorção no currículo veio à tona. Mesmo sem ter doutorado, continuava constando na plataforma Lattes do ministro um "pós-doutorado" pela Universidade de Wüppertal. A instituição afirmou que Decotelli fez uma pesquisa na universidade em 2016, por três meses, mas nunca deu qualquer título a ele.
Um pós-doutorado não é um título acadêmico formal, mas é um termo usado em referência apenas a pesquisas feitas após um acadêmico obter um título de doutor — o que Decotelli não tem.
Nesta terça-feira, a Fundação Getulio Vargas (FGV) também evidenciou outro ponto polêmico do currículo de Decotelli. A instituição disse que ele nunca foi professor efetivo da instituição, mas sim colaborador em cursos de educação continuada. No currículo Lattes, ele menciona ter sido professor da FGV, sinalizando um vínculo efetivo, o que é questionável, em termos de transparência, uma vez que há outras nomenclaturas para indicar tal atuação.
Fonte: O Globo
REDAÇÃO DO LD