Os dois homens que executaram um jovem dentro do terminal dois do Aeroporto Salgado Filho, em Porto Alegre, no final da manhã de terça-feira (20), já foram identificados pela polícia, no entanto os nomes não foram divulgados pela investigação. Marlon Soares Roldão, de 18 anos, foi atingido por diversos disparos, e a polícia acredita que o crime tenha motivação passional.
“Foram tiros realmente à curta distância. Já encontramos em torno de 20 cápsulas deflagradas, vinte estojos deflagrados e a grande maioria dos ferimentos são na região superior do corpo”, explica o diretor do Instituto-Geral de Perícias (IGP), Cleber Müller.
Imagens divulgadas pela polícia mostram dois homens sentados em uma cafeteria momentos antes do crime. Quando identificam a chegada de Marlon eles caminham em direção à vítima e efetuam os disparos. Em seguida eles correm em direção a um veículo Cobalt, que os aguardava do lado de fora e deixam o local.
O carro, clonado, usado na fuga foi encontrado perto do aeroporto e peritos fizeram o trabalho de coleta de impressões digitais.
“De repente a gente ouviu uns tiros. Eu tive a impressão que parecia batendo em alumínio assim, mas muito forte. Não dei muita bola. Aí uma colega disse: ‘isso eh tiro’. Aí a gente se apavorou”, relata Letícia Marocco, funcionária da Infraero.
De acordo com a investigação, Marlon estava namorando com uma jovem que chegou a ter um relacionamento com um integrante de uma facção criminosa de Porto Alegre, e por isso teria sido executado.
“Não tem nada até o presente momento que leve à outra situação que não a passionalidade desse delito”, afirmou o delegado chefe da Polícia Civil do Rio Grande do Sul, Emerson Wendt.
O delegado Adriano Melgaço, responsável pelo caso, afirma que o crime tem características de execução, e que a polícia já tem suspeitos. A perícia realizada no local apontou que Marlon foi atingido por 17 disparos.
Responsabilidade pelo policiamento
Por meio de nota, a Infraero informou que vai colaborar com a investigação da polícia. "O assassinato ocorreu em área pública do aeroporto, onde a responsabilidade pela segurança é da Polícia Militar, conforme o Programa Nacional de Segurança Civil contra Atos de Interferência Ilícita".
A Brigada Militar classificou, em nota, como "equívoco" a interpretação do decreto, citado pela Infraero em nota. "O artigo 12 demonstra claramente que a principal responsabilidade pela segurança nos aeroportos cabe à Polícia Federal. O artigo 13 elucida que as funções de polícia judiciária e ostensiva para preservação da ordem pública podem ser executadas pelos órgãos estaduais, por meio de convênio."
A corporação informou que não existe nenhum convênio entre o Estado do Rio Grande do Sul, Brigada Militar e Infraero.
"Cabe, ainda, diferenciar que o crime ocorreu em área interna, de acesso e circulação de público, porém particular. Seria o mesmo que cobrar da Brigada Militar e do estado do Rio Grande do Sul policiamento em áreas internas de shoppings ou supermercados. A Infraero deve ter conhecimento a respeito da áreas de utilização pública de suas dependências e de suas responsabilidades para não confundir o cidadão como se fosse uma área de administração pública."
Por meio de nota, a Polícia Federal disse não ter a atribuição legal de atuar em crimes cometidos no perímetro do aeroporto e que não tenha prejuízo à União. "A PF colaborou e seguirá auxiliando as forças de segurança envolvidas com a ocorrência", finaliza o texto.
Diariamente, quase seis mil pessoas circulam pelo terminal.
Reprodução: G1