Após crítica do ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) da Presidência, general Augusto Heleno, sobre o presidente da França, Emmanuel Macron, o governador do Pará, Helder Barbalho (MD), disse que “estamos dando muita importância para este tipo de comentário” e que “temos de cuidar do nosso país e tocar a vida”.
Antes do comentário de Barbalho, Heleno havia chamado a postura de Macron de “molecagem”. O presidente francês sugeriu na segunda-feira, 26, abrir discussão sobre internacionalização da floresta.
Para o governador do Pará, “estamos perdendo muito tempo com o Macron”. “Temos de cuidar dos nosso problemas e sinalizar para o mundo a diplomacia ambiental, que é fundamental ao agronegócio”, declarou Barbalho nesta terça-feira, 27.
Considerado um dos principais conselheiros do presidente Jair Bolsonaro, o ministro do GSI disse que a “mentalidade colonialista” de Macron é “triste”. “A França não pode dar lição para ninguém nesse aspecto. Por onde passaram, deixaram rastro de destruição”, afirmou. Ele fez referência ao Haiti, onde atuou como militar nos anos 2000. “Isso é molecagem”, concluiu ao falar sobre o presidente francês.
As declarações de Heleno e Barbalho foram feitas em reunião que ocorre nesta terça-feira no Palácio do Planalto entre o presidente Bolsonaro, ministros e governadores da Amazônia sobre incêndios na região. O presidente defendeu na reunião a exploração de recursos em terras indígenas e de preservação ambiental e criticou políticas ambientais de governos anteriores.
Na reunião, o governador do Pará ainda pediu uma posição mais clara do ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, sobre uso de recursos do Fundo Amazônia. Segundo ele, o ministro mostrou na conversa de hoje uma versão mais branda sobre o fundo do que vinha sendo propagada pelo governo, que defendia não usar mais os recursos. “Se a lógica do ministério sobre o fundo é, por um lado, saber o que foi feito, por outro, rever o critério de prioridades, isso tudo é muito diferente do que dizer não queremos mais usar o recurso”, disse Barbalho.
O governador do Pará defendeu ainda uso de recursos do Fundo Amazônia e da ajuda de R$ 83 milhões oferecida pelo G-7. “Não é correto da nossa parte, falo pelo Pará, abdicar de receita”, disse Barbalho. O governador disse que os projetos podem ser feitos com recursos do exterior, mas planejados, executados e fiscalizados pelo Brasil. Ele disse ainda não concordar com manifestação do presidente da França sobre internacionalização da floresta.
Helder Barbalho afirmou ainda que, além de ações imediatas, o País deve elaborar políticas para o futuro da floresta para evitar retomar debate sobre combate às chamas nos anos seguintes. O governador sugeriu processo de regularização fundiária das áreas da Amazônia Legal, para que os Estados tenham maior controle sobre as terras. Também defendeu discussões para remunerar proprietários que decidam explorar as terras de forma menos agressiva: “tentar convencê-lo a manter floresta em pé”, disse.
Estadõa // AO