Quase 30% dos gastos autorizados pela presidente Dilma Rousseff nos decretos de 2015 que ajudaram a embasar a acusação usada para o processo de impeachment se destinaram ao pagamento de serviços da dívida pública. Os seis decretos, editados sem o aval do Congresso, liberaram R$ 2,5 bilhões em créditos adicionais, dos quais R$ 703,4 milhões dizem respeito a serviços da dívida. O processo de impeachment tem como base, ainda, a suposta continuidade das “pedaladas fiscais” (atrasos nos repasses de recursos para bancos públicos).
As autorizações de gastos contemplaram ainda o custeio de bolsas de estudo no ensino superior (que contou com mais R$ 561,4 milhões, ou 22,4% do total), funcionamento das universidades federais, apoio à educação básica, custeio de missões do Exército e da Marinha e financiamento da Justiça Federal. As fontes de recursos foram excesso de arrecadação com tributos, convênios e doações, além de superávits financeiros (receitas de anos anteriores).
Os decretos foram assinados em julho e agosto deste ano. Mas o Congresso só aprovou a meta fiscal de 2015, com validação a um déficit de R$ 119,9 bilhões, no último dia 2 de dezembro. No mesmo dia, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), deflagrou o processo de impeachment.
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