Brasil

Ganho de taxistas e motoristas de apps de transporte cai com alta do combustível

Profissionais não têm controle sobre o preço do serviço de transporte e não conseguem repassar alta para o consumidor

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Funcionario faz troca de valores de combustivel na tarde desta quarta feira 26 na zona oeste de São Paulo (Foto: Marcelo D. Sants/FramePhoto/Estadão Conteúdo)

O aumento do imposto sobre o combustível vai pesar no bolso dos motoristas de táxi e de aplicativos de transporte, como Uber, Cabify e 99. Eles vão pagar mais para abastecer e vão lucrar menos com o serviço, já que não poderão repassar a alta de custos para os consumidores.

Há dois anos desempregado, o músico Antonio Gonçalves, motorista dos aplicativos Uber, Cabify e 99 em São Paulo, disse que vai trabalhar mais para compensar a alta do combustível. “Vou ter que fazer duas ou três viagens a mais por dia ou tirar esse valor por fora. Eu dou aula de música também”, disse.

No posto em que ele abastece, o preço do litro subiu 6,6% na sexta-feira (21), quando o aumento entrou em vigor, de R$ 3 para R$ 3,20.

Gonçalves gasta R$ 500 a R$ 600 por semana com combustível. Nas suas contas, ainda vale a pena ser motorista nos aplicativos de transporte. “Dá pra tirar R$ 9 mil por mês, bruto, se você dirigir nos melhores horários e souber escolher as regiões da cidade que têm mais chamadas”, disse.

Sem controle de preço

Os motoristas não têm controle sobre o preço cobrado pelo quilômetro rodado. No caso dos táxis, os preços são definidos pelos municípios e reajustados anualmente. E, no caso dos motoristas particulares, o preço é definido automaticamente pelos aplicativos de transporte.

Procurados pelo G1, os aplicativos 99 e Cabify disseram que vão manter os preços para o consumidor. O Uber não comentou.

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O aumento do PIS e Cofins sobre o combustível foi anunciado no último dia 20 pelo governo. Uma liminar da Justiça do Distrito Federal suspendeu o aumento, mas ela já foi derrubada e o as alíquotas maiores estão em vigor.

‘Vai sair do meu bolso’

Taxista há 14 anos, Jonas Moreira da Silva, de 50, já sentiu no bolso o aumento dos impostos sobre os combustíveis.

"Olha, já senti muito a diferença. Eu estava abastecendo a R$ 1,99 [o litro de álcool], agora eu estou abastecendo a R$ 2,24. Isso em porcentagem vai dar o quê? Quase 15%", conta.

"E não tem como repassar [o aumento do custo para o passageiro], ou seja, vai sair do meu bolso. Meu ganho vai ficar menor ainda, com certeza", emenda.

Ele diz que roda de 180 a 200 km todo dia e gasta cerca de R$ 1.200 com álcool por mês. Se usasse gasolina, gastaria R$ 200 a mais.

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Descontos em postos

Para compensar a alta dos custos para os seus motoristas, a 99 e a Cabify disseram que vão fechar parcerias com postos de combustível para negociar descontos.

“Hoje, a Cabify já trabalha com grande foco em trazer diversos benefícios e parcerias para todos que a escolhem como seu app para intermediar viagens. Com certeza, a Cabify está avaliando de perto essa questão e caso necessário vai buscar melhorias para os motoristas parceiros.”

A 99 disse que “trabalha para amenizar os custos dos motoristas”. A empresa tem parceria com a rede Rede Duque na Grande São Paulo para dar desconto aos motoristas das categorias 99POP e 99Taxi. A empresa disse que trabalha para fechar parcerias semelhantes em outras cidades e estados.

Reprodução/G1