Um dos traficantes mais procurados do RJ foi morto na manhã desta quinta-feira (27). Policiais militares encontraram e mataram, durante um confronto, Fernando Gomes Freitas, o Fernandinho Guarabu, na favela que ele chefiava, o Morro do Dendê, na Ilha do Governador, Zona Norte do Rio.
Outros quatro suspeitos foram mortos no tiroteio, entre eles o braço direito de Guarabu, Gilberto Coelho de Oliveira, o Gil, e o ex-PM Antônio Eugênio, o Batoré. Morreram ainda os traficantes Piu e Logan. Com Guarabu, foram apreendidos um fuzil, quatro pistolas, granadas e drogas.
Guarabu era procurado pela Justiça há mais de 15 anos. Era ainda o traficante que estava há mais tempo no comando de um morro no Rio. A recompensa oferecida pelo Disque Denúncia por informações que levassem à prisão do traficante era de R$ 30 mil – a maior do programa.
Após a morte de Guarabu, homens dos batalhões de Operações Especiais e de Choque, além de policiais militares do Grupamento de Ações Táticas do 17º BPM (Ilha), faziam uma varredura na comunidade.
Polícia tinha informações privilegiadas
De acordo com o porta-voz da Polícia Militar, coronel Mauro Fliess, os policiais tinham informações privilegiadas sobre uma reunião das lideranças do tráfico do Complexo do Dendê nesta quinta-feira (26).
"Uma operação planejada e coordenada pelo coronel Sarmento, do Comando de Operações Especiais. Tínhamos informação privilegiada e foi feita a incursão, sempre com toda cautela para as pessoas que residem no local. Houve um confronto provocado pelos marginais que resistiram à prisão".
Segundo Fliess, a operação continua não só dentro da comunidade, mas com ações preventivas no entorno a fim de evitar que moradores sejam coagidos a praticar atos de vandalismo, como queimar ônibus.
"Se isso acontecer, serão presos em nome da Lei. A Polícia Militar não vai admitir a perturbação da ordem", diz o coronel.
"Já são 252 fuzis apreendidos no Rio de Janeiro pela Polícia Militar só em 2019. Isso dá uma média de 1,5 fuzil apreendido por dia, armas de guerra que a Polícia Militar tira de circulação diariamente", acrescentou.
O coronel informou ainda que os agentes checam se houve morte de outras lideranças no tráfico da comunidade. "A alta hierarquia do tráfico local estava reunida e foram confrontados pelos policiais do Batalhão de Choque", explic o porta-voz da corporação.
Chefão tinha forte esquema de segurança
A liberdade de Fernando Guarabu era garantida, segundo a polícia, com uma rede de olheiros e propinas distribuídas a policiais militares.
Guarabu e Gil – o segundo na hierarquia da comunidade -, expandiram seus domínios em relação ao tráfico de drogas, até a Baía de Guanabara.
Para se manter no poder, além da propina paga a PMs, Guarabu tinha olheiros espalhados pela Ilha do Governador, que tem apenas um ponto de entrada por terra: a Ponte do Galeão. Cauteloso, ele ainda colocava olheiros em lajes de residências em ruas ao redor do Dendê.
Segundo a polícia, o traficante teria montado um "exército", e havia, nos acessos à comunidade, bandidos que faziam a "contenção" de seus pontos de drogas.
Guarabu possuía 14 mandados de prisão contra crimes como associação para a prática de tráfico ilícito de substância entorpecente, posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso restrito, homicídio qualificado mediante paga ou promessa de recompensa.
O criminoso também lucrava com um esquema de exploração da circulação de vans e Kombis na localidade, que cobrava R$ 330 por motorista. O ex-PM Batoré era apontado como o gerente do esquema.
O traficante estendeu seus negócios com venda de botijões de gás, TV a cabo clandestina e internet – práticas de quadrilhas de milicianos.
G1 // AO