Brasil

Executivo da Andrade que levava propina para Cabral será ouvido por Moro

Quintaes afirmou ter pago R$ 7, 7 milhões a Carlinhos, acusado de ser o 'homem da mala' do ex-governador

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Apontado como responsável pelo pagamento de propina da Andrade Gutierrez ao ex-governador Sérgio Cabral, o ex-executivo Alberto Quintaes presta depoimento nesta terça-feira ao juiz Sérgio Moro. Quintaes será ouvido como testemunha de acusação na ação que Cabral e sua mulher, Adriana Ancelmo, entre outros aliados, respondem por corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa na Justiça Federal de Curitiba. O ex-executivo da Andrade Gutierrez fechou acordo de colaboração premiada com o Ministério Público Federal (MPF). Entre maio de 2007 e fevereiro de 2011, o delator disse aos procuradores que fez pagamentos de R$ 7, 7 milhões em 20 parcelas a Carlos Miranda, o Carlinhos, apontado como 'homem da mala' do ex-governador e responsável por receber e transportar dinheiro de propina em espécie. O valor seria uma contrapartida por contratos de obras no Estado do Rio.

Quintaes também contou que pagou propina a Wagner Jordão Garcia, operador encarregado por Hudson Braga, ex-secretário de Obras de Cabral, para recolher a chamada “taxa de oxigênio”, que no caso do ex-secretário correspondia a 1% do valor da obras. Cabral cobrava 5%.

Quintaes circulava com desenvoltura no meio político fluminense. Em abril do ano passado, O GLOBO revelou que executivos de empreiteiras da Lava-Jato eram frequentadores do escritório da Agrobilara, empresa de agropecuária da família Jorge Picciani, presidente da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj). A lista de visitantes do condomínio O2 Comfort & Offices, Barra da Tijuca, à qual a reportagem teve acesso, mostra que entre 2014 e 2015 Quintaes visitou Picciani 55 vezes.

O ex-executivo figura como representante da Andrade Gutierrez em contratos para as obras do Maracanã, que são alvo de investigação do Tribunal de Contas do Estado (TCE). Quintaes também representou a empreiteira em obras de transportes, como as dos BRTs e de ampliação do píer da Zona Portuária do Rio.

O ex-governador do Rio já se tornou réu em cinco processos e soma 611 supostos atos de lavagem de dinheiro em sua ficha criminal.

Reprodução: O Globo