Brasil

Empresário diz que entregou dinheiro em espécie a ex-secretário do Rio

Ex-diretor da Carioca Engenharia depõe em ação que apura desvios em obras municipais

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O ex-funcionário da Carioca Engenharia Marcos Antonio Bomfim disse ter entregue dinheiro em espécie para o ex-secretário de Obras do Rio Alexandre Pinto. Os pagamentos, segundo o engenheiro, eram propina relativas às obras do corredor do BRT Transcarioca – construído para facilitar a mobilidade urbana durante a Copa e a Olimpíada – e a recuperação ambiental da Bacia de jacarepaguá. As declarações foram feitas em depoimento ao juiz Marcelo Bretas, na Justiça Federal, nesta segunda-feira (18).

"Eu que passei a fazer (os pagamentos) duas, três vezes. (Eu) Marcava a reunião com assunto de obras e entregava para ele. Uma vez num posto de gasolina, perto do 18ºBPM, outra numa padaria. Sempre em espécie, em envelopes", afirmou.

O ex-secretário municipal de Obras do Rio foi preso por agentes da Polícia Federal no dia 3 de agosto durante a operação Rio 40 graus, desdobramento da Lava-Jato no Rio de Janeiro. Alexandre Pinto depôs no mesmo dia de sua prisão e negou ter participado do esquema de fraudes e recusou a oferta de fazer um acordo de colaboração premiada. À Polícia Federal, ele disse desconhecer os motivos pelos quais os delatores possam ter relatado os encontros e pagamento de propina. Além dele, outras 10 pessoas também foram presas na mesma ação.

Ao todo, nove testemunhas de acusação do processo da operação Rio 40 graus serão ouvidas nesta segunda-feira. A operação se tornou um desdobramento da Lava Jato no Rio de Janeiro a partir de um acordo de leniência com a Carioca Engenharia.

O ex-diretor geral da Carioca Engenharia Roberto Gonçalves também foi ouvido nesta segunda. Ele admitiu que a empresa pagou propina para funcionários do Ministério das Cidades e do Tribunal de Contas do Município (TCM). Ele também confirmou o pagamento de propina para Alexandre Pinto e para fiscais da prefeitura.

Segundo o MPF, o esquema de corrupção que existia na Secretaria Estadual de Obras era repetido no município. Inicialmente, segundo o delator, o pedido de vantagens indevidas era de 3% sobre o valor das obras e foi negociado para 1%.

"Na Transcarioca quem pagava para o Alexandre Pinto era o Marcos Bomfim, sempre na parte da Carioca. Quem pagava era o próprio gerente da [construtora] OAS. (Na obra da Bacia de Jacarepaguá), fui comunicado que o Alexandre Pinto também estava necessitando dessa ajuda e três fiscais da obra também estavam demandando isso".

Fonte: G1// FA