Preso na manhã desta segunda-feira no Galeão, Eike Batista foi levado para a triagem no presídio Ary Franco, em Água Santa, na Zona Norte, do Rio, onde teve a cabeça raspada e vestiu o uniforme dos detentos, e no começo da tarde para a Penintenciária Bandeira Stampa, conhecida como Bangu 9, no Complexo de Gericinó. Segundo agentes da Secretaria de Administração Penitenciária (Seap), após um rearranjameto promovido pela secretaria recentemente, esta unidade recebe atualmente, em sua maioria, policiais presos. Boa parte cumpre pena por crime ligados ao envolvimento com milícias.
Segundo dados do sistema penitenciário do Rio, relativos a dezembro, Bangu 9 tem 547 vagas, e tinha 657 internos, um excedente de 110 presos acima da capacidade. A unidade é para cumprimento do regime fechado, e cada cela comporta seis internos. No jargão dos agentes da Seap, Bangu 9 é chamado como cela “dos faxinas”, uma vez que a maioria dos presos trabalha na unidade, com serviços gerais.
Por não ter nível superior completo, o empresário não pode ir para Bangu 8, onde está o ex-governador Sérgio Cabral e outros presos durante as operações Calicute e Eficiência, os braços da Lava-Jato no Rio. Até por isso, a segurança física de Eike era uma das principais preocupações de seus advogados nesta segunda-feira. Não há, em Bangu 9, criminosos ligados às principais facções do crime organizado no Rio.
PREOCUPAÇÃO COM INTEGRIDADE FÍSICA
Bangu 9 é uma das unidades mais recentes do sistema do Rio, e portanto ainda tem melhor condições, inclusive de limpeza, que outras prisões. A defesa de Eike temia que ele passasse muito tempo no Ary Franco, conhecido pelas péssimas condições a que estão submetidos os quase dois mil detentos. Os advogados do empresário formalizaram junto à Justiça Federal a preocupação de que ele fosse encaminhado a uma unidade onde não tivesse a integridade física ameaçada.
No agravemento da crise nas penitenciárias brasileiras no último mês, o Complexo de Bangu não foi palco de motins ou rebeliões que culminaram em dezenas de mortes em estados como Rio Grande do Norte e Maranhão.
Fernando Martins, um dos que cuidam da defesa do empresário, esteve no Ary Franco, onde Eike permaneceu por pouco mais de duas horas para fazer a triagem.
— A integridade física é uma preocupação nossa, não por ser o Ary Franco ou outra unidade aonde ele vá — disse Martins, acrescentando que ainda não definiu uma linha de defesa para o cliente.
Ele citou a entrevista de Eike ao GLOBO, ainda no aeroporto de Nova York, para responder que seu cliente ainda não definiu se fará uma delação premiada.
— Todos viram a entrevista, ele falou em “passar a limpo”. No sentido de que quer prestar todos os esclarecimentos à polícia e à Justiça sobre o que é acusado.
Reprodução: O Globo