Em sua primeira noite no Complexo Penitenciário de Gericinó, em Bangu, Zona Oeste do Rio, o empresário Eike Batista aceitou as refeições do presídio, segundo informações da Secretaria de Administração Penitenciária. O cardápio teve arroz ou macarrão, feijão, carne, refresco e sobremesa no jantar. Para o café da manhã, Eike pode comer pão com manteiga e café. No lanche, o cardápio tinha suco e bolo. O empresário está no presídio Bandeira Stampa, conhecido como Bangu 9, dividindo espaço com outros seis presos da operação Lava Jato que não têm curso superior. A cela tem 15 metros quadrados e quatro beliches. Não tem vaso sanitário, apenas um buraco no chão. Para tomar banho, sai água fria de um cano. Os presos têm direito a um ventilador e a uma televisão pequena, fornecidos pela família.
O presídio tem 541 vagas e 422 detentos. Além dos presos da Lava Jato, também estão em Bangu nove criminosos que não pertencem a facções criminosas, presos que trabalham na unidade, milicianos e contraventores, como Haylton Scafura.
Transferência de presídio
A transferência de Eike Batista para Bangu 9 foi determinada pela secretaria de Administração Penitenciária do Rio. Assim que voltou de Nova York, primeiro o empresário foi levado para o presídio Ary Franco, em Água Santa, na Zona Norte, onde foi hostilizado por moradores.
Ele ficou uma hora no local e, em seguida, foi levado a Bangu 9, já de cabelo raspado e uniforme de detento. Em entrevista à Globonews, o promotor André Guilherme Freitas da vara de Execuções Penais disse que vê um favorecimento de Eike na transferência e que vai fiscalizar a prisão.
“Essa situação foge do padrão não só por isso, mas também pelo fato dele ter dado de fato entrada numa unidade prisional e poucas horas depois ser transferido pra outra. Ary Franco com ocupação acima da capacidade como outras unidades do Rio, isso não seria por si só um fator pra transferência. Além do que, essa ocupação excessiva tem que ser analisada caso a caso”, afirmou o promotor.
O advogado Fernando Martins pediu ontem o habeas corpus do empresário. Antes dele, outro advogado de Pernambuco, que não faz parte da defesa do empresário, já tinha protocolado outro pedido de soltura. A Justiça ainda não deu resposta. Nesta terça-feira (31), Eike Batista sairá daqui, mas para prestar depoimento.
O depoimento de Eike Batista à Polícia Federal está marcado para às 15h, na delegacia de Combate ao Crime Organizado e Desvio de Recursos, na Zona Portuária. Ele será ouvido pelo delegado e por procuradores da força-tarefa da Lava Jato no Rio. O objetivo da equipe de investigação é colher novos dados e pedir esclarecimentos sobre o pagamento de U$ 16 milhões em propina para o ex-governador do Rio Sérgio Cabral.
Reprodução: G1 RJ/ (Foto: Fábio Motta/Estadão Conteúdo)