O desemprego ficou em 11,8% no trimestre encerrado em outubro, segundo dados divulgados nesta terça-feira (28) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), por meio da Pnad Contínua.
No mesmo período de 2015, a taxa ficou em 8,9%. Já no trimestre terminado em julho deste ano, o índice foi de 11,6%.
A população desocupada foi de 12 milhões de pessoas, estável na comparação com o trimestre de maio a julho de 2016, mas 32,7% maior (mais 3 milhões de pessoas) em relação a igual trimestre de 2015. Este é o 3º trimestre seguido do ano em que o número de desempregados no país ficou acima de 12 milhões, de acordo com o instituto.
Já a população ocupada (89,9 milhões de pessoas) apresentou redução de 0,7%, quando comparada ao trimestre de maio a julho de 2016 (menos 604 mil pessoas). Em comparação com igual trimestre de 2015, foi registrada queda de 2,6% (menos 2,4 milhões de pessoas).
O coordenador de Trabalho e Rendimento do IBGE, Cimar Azeredo, lembrou que esta é a 10ª divulgação da taxa de desemprego realizada em 2016, e em todas elas houve aumento significativo do número de desempregados.
Ele chamou a atenção para o fato de que, historicamente, outubro é um mês em que o mercado de trabalho começa a reagir, com aumento da contratação para vagas temporárias, o que não foi observado neste ano.
Azeredo destacou ainda que, embora o número de desempregados tenha se mantido estável nos últimos três trimestres, a população ocupada tem caído e o número de pessoas fora da força de trabalho aumentou em mais de 600 mil pessoas, mesmo contingente que saiu da ocupação. “Isso significa que as pessoas que perderam emprego e nem procurar trabalho foram”, disse o pesquisador.
Em relação à queda de 2,6% da população ocupada em relação ao mesmo trimestre do ano passado, Cimar Azeredo afirmou se tratar da maior variação negativa da série histórica da Pnad Contínua.
“Se considerarmos que em 2013 a crise no mercado de trabalho ainda não estava efetivamente instaurada, nós temos hoje 5,5 milhões de pessoas a mais desempregadas”, destacou Azeredo. No trimestre terminado em outubro de 2013, havia no país 6,6 milhões de desempregados.
Segundo Azeredo, grupamentos importantes de atividade seguem apresentando quedas significativas do número de ocupados, como agricultura, construção, serviços e, principalmente, a indústria. “Em relação a 2015, a indústria já encolheu em 1,5 milhão de empregados”, ressaltou o pesquisador.
Carteira assinada
Caiu 0,9% o número de empregados com carteira assinada no setor privado frente ao trimestre de maio a julho de 2016 (menos 303 mil pessoas) – o contingente é de 34 milhões de pessoas. Na comparação com igual trimestre do ano anterior, a redução foi de 3,7% (menos 1,3 milhão de pessoas).
Rendimento médio
O rendimento médio real foi de R$ 2.025, alta de 0,9% frente ao trimestre de maio a julho de 2016 (R$ 2.006) e queda de 1,3% em relação ao mesmo trimestre do ano passado (R$ 2.052).
Cimar Azeredo lembrou que, no trimestre analisado, não houve aplicação de dissídios ou aumento do salário mínimo. Assim, não se pode dizer que o trabalhador brasileiro passou a receber mais. “As pessoas que perderam trabalho com carteira assinada foram as pessoas em faixas salariais mais baixas. Isso pode explicar o aumento do rendimento médio do trabalhador”.
Na comparação com o trimestre de maio a julho de 2016, os únicos rendimentos médios que apresentaram variação foram o do grupamento da agricultura, pecuária, produção florestal, pesca e agricultura (4,3%) e o grupamento do comércio, reparação de veículos automotores e motocicletas (3,4%). Os demais grupamentos de atividade permaneceram estáveis. Frente ao mesmo trimestre do ano anterior, o rendimento de todos os grupamentos permaneceu estável.
Os indicadores da Pnad Contínua são calculados para trimestres móveis, utilizando-se as informações dos últimos três meses consecutivos da pesquisa. A taxa do trimestre móvel terminado em outubro de 2016 foi calculada a partir das informações coletadas em agosto/2016, setembro/2016 e outubro/2016.
Reprodução/G1