Já estão nas mãos do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, as 77 delações premiadas feitas por executivos e ex-executivos da Odebrecht no âmbito da Operação Lava Jato. Os acordos de colaboração chegaram à PGR (Procuradoria-Geral da República) nesta segunda-feira (30), mesmo dia em que foram homologadas pela presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Cármen Lúcia.
A partir de agora, caberá a Janot analisar o conteúdo dessas delações. O procurador terá algumas opções: apresentar denúncia imediata; abrir inquéritos para investigar os fatos e nomes citados pelos delatores; e encaminhar para outras instâncias judiciais –STJ (Superior Tribunal de Justiça], Justiça comum etc.– casos que não envolverem pessoas com foro privilegiado.
Questionado hoje por jornalistas sobre os próximos passos do caso, Janot se limitou a afirmar que "não é hora de falar sobre isso".
À tarde, o procurador se reuniu rapidamente com a ministra Cármen Lúcia, encontro que não estava previsto nas agendas de ambos. Ele saiu da reunião sem falar com a imprensa.
Homologação
Cármen Lúcia homologou os acordos de delação premiada da Odebrecht menos de uma semana depois de Rodrigo Janot ter pedido a ela urgência na avaliação das colaborações.
Um dia depois de se reunir com ele, a presidente do STF determinou a continuidade dos trabalhos da equipe do ex-ministro Teori Zavaski, que morreu no dia 19 deste mês após a queda de um avião em Paraty (RJ). Teori era relator da Lava Jato na Suprema Corte do país e estava prestes a homologar as delações.
Delações da Odebrecht
A colaboração de executivos e ex-executivos da empreiteira baiana foi negociada durante meses e é considerada a mais explosiva da Lava Jato.
Em dezembro do ano passado, veio a público a colaboração de Cláudio Melo Filho, ex-diretor de relações institucionais da empresa e um dos primeiros a depor. Em sua delação, ele citou, entre outros nomes, o presidente Michel Temer, os ministros Moreira Franco (Programa de Parcerias e Investimentos), Eliseu Padilha (Casa Civil) e os senadores Romero Jucá (PMDB-RR) e Renan Calheiros (PMDB-AL).
Outros delatores também citaram os ex-presidentes petistas Dilma Rousseff e Luiz Inácio Lula da Silva e o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB).
Reprodução: UOL (Com Estadão Conteúdo)