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Continuaremos a agir firmemente contra a corrupção no País, diz Raquel Dodge

“A corrupção precisa cessar”, disse Raquel.

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Continuaremos a agir firmemente contra a corrupção, diz Raquel Dodge

A procuradora-geral da República, Raquel Dodge, fez um longo discurso na manhã desta segunda-feira, 4, no qual assegurou o compromisso em fortalecer o trabalho de combate à corrupção dentro do Ministério Público. Ela falou sobre “desconfianças e dúvidas” que surgiram sobre seu compromisso a respeito do tema e afirmou que o combate à corrupção na sua gestão é “prioritário”. “A corrupção precisa cessar”, disse Raquel.

“Considero muito importante dizer a todos com clara sinceridade algumas razões que presidem minha firme atitude contra a corrupção”, afirmou Raquel. A procuradora-geral afirmou que o MP vai continuar a usar instrumentos como delação premiada, leniência, forças-tarefa e execução da pena após a segunda instância. “Continuaremos a agir firmemente contra a corrupção de verba públicas e da moral pública no País”, afirmou Raquel.

Segundo ela, desconfianças são “compatíveis com a história brasileira marcada por ondas de avanços e retrocessos no enfrentamento à corrupção”. “Acolho essas preocupações com claros sinais da seriedade do meu mandato”, disse a procuradora-geral.

Raquel Dodge participou da abertura de evento pelo Dia Internacional de Combate à Corrupção, realizado pelo Ministério Público Federal (MPF) e pelo Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP).

Ela afirmou que o País vai viver um “duro golpe” se forem perdidos “instrumentos” que auxiliam no combate à corrupção – citando a execução da pena após a decisão em 2ª instância e a titularidade do MP para celebrar acordos de delação premiada. “O duro golpe de perder o futuro promissor e ter de viver um presente marcado pela desonestidade e pela desconfiança”, afirmou Raquel.

As três razões mencionadas pela procuradora-geral para persistir no combate à corrupção são caminho para diminuir a desigualdade social, diminuir a ineficiência com a gestão da coisa pública e garantir a integridade no trato da coisa pública.

“Muitos programas de Estado prometem resolver problemas crônicos como garantir moradia, alimentação adequada e saúde para todos. Cada programa reaviva esperanças. A cada vez que não cumprem o que prometem, diminui a confiança e a esperança das pessoas nas instituições e no País. Um ambiente de incerteza leva ao descaso com a coisa pública”, disse Raquel. Segundo a procuradora-geral, a ineficiência é “parceira da corrupção”.

Raquel Dodge falou sobre o trabalho desde que tomou posse como procuradora-geral, em 18 de setembro, e disse que a orientação na sua equipe é de “trabalho silencioso”. Segundo ela, nos últimos meses foi possível identificar as prioridades. “Identificamos ações penais que tinham condenações e pedi ao STF que as pautasse, e já fui atendida”, disse Raquel. Ela afirmou ainda que deu atenção a questões de debate jurídico no Supremo relacionadas ao combate à corrupção, como execução da pena após 2ª instância.

“Antes o risco de ser corrupto era quase zero, temos de aumentar esse risco com punições para desincentivar os infratores”, afirmou a procuradora-geral. “Devemos agir, agora e com maior ímpeto, para evitar que a corrupção reapareça mais vigorosa ou sob novos disfarces”, disse Raquel Dodge.

“A corrupção é um fato tão escandaloso que o sentimento de todos os brasileiros e do MP é de intolerância absoluta contra a corrupção, a pequena e a grande”, afirmou a procuradora-geral.

Ela afirmou que embora muito já tenha sido alcançado no combate à corrupção, ainda não foi possível paralisar desvios e práticas ilícitas continuam em curso. Sem mencionar nomes, Raquel Dodge afirmou que “algumas quadrilhas foram desbaratadas, mas muitas continuam a agir com desfaçatez, à luz do dia, e em conluio que não escapam a registros, câmeras de vídeo e colaborações premiadas”. Segundo ela, outras quadrilhas “escondem quantias milionárias, às vezes de modo tão petulante e displicente”.

“A missão que nos foi entregue é difícil”, afirmou a procuradora-geral, mencionando que o País viveu “séculos de apatia” sobre esse tema. Entre as ameaças, segundo ela, estão “interesses espúrios, ganância, resistências de toda ordem”.

Esse foi o primeiro discurso de Raquel Dodge, desde sua posse há pouco mais de dois meses, de forma longa e enfática sobre combate à corrupção. A procuradora-geral afirmou que a corrupção “é a maior responsável pelo alto volume de impostos cobrados, por serviços de baixa qualidade” e “atinge o próprio compromisso do estado em servir corretamente a população”.

Ela afirmou que é preciso cobrar dos corruptos a reparação dos dano que fizeram, a correção de condutas e revelação de quem são seus parceiros para que rumos sejam corrigidos e, das empresas, exigir a correção de práticas.

Estadão Conteúdo // AO