Entrevista

Com efeitos em 2026 no radar, eleições nos EUA polarizam política brasileira 

Pleito americano ganha contornos brasileiros após Bolsonaro ter declarado apoio à Trump e Lula elogiado Kamala

Com efeitos em 2026 no radar, eleições nos EUA polarizam política brasileira 

As eleições presidenciais dos Estados Unidos acontecem nesta terça-feira (5), com as urnas abertas para a escolha do próximo presidente. A vice-presidente Kamala Harris, do Partido Democrata, concorre com o ex-presidente Donald Trump, do Partido Republicano. Se eleita, Harris será a primeira mulher negra e a primeira americana de origem asiática a liderar o país.

Já Trump, se vencer, será o segundo presidente a cumprir mandatos não consecutivos, seguindo os passos de Grover Cleveland. Ele também seria o primeiro presidente a enfrentar dois processos de impeachment e a já ter sido condenado criminalmente.

No Brasil, o assunto também está repercutindo, afinal, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) declarou apoio ao candidato republicano. Enquanto o atual Chefe do Executivo nacional, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), afirmou que a candidatura de Kamala Harris é “muito mais segura” para a democracia. 

Especialista aponta impactos na política brasileira

Em entrevista ao PS Notícias, o professor de Relações Internacionais da Unijorge, Neuton Neto, afirmou que a vitória de Donald Trump pode representar uma dificuldade para o petista. Dentre os pontos citados está o fato do republicano focar sua política no interno, além de que atua para fortalecer a extrema-direita mundial. 

Neuton Neto analisa cenário eleitoral | Foto: Letícia Carvalho/PS Notícias

“Donald Trump tem um pensamento mais interno do que externo. Além disso, ele como um grande expoente da direita, também pode gerar um fortalecimento do extremismo, em especial aqui no Brasil com Bolsonaro. Em contrapartida, o presidente Lula fez um elogio público, o que eu até considero não ter sido correto, a possibilidade de eleição de Kamala Harris. Seria uma continuidade da gestão Joe Biden, que não exerce uma interferência tão direta. Por todos esses elementos, as eleições americanas fazem um diálogo muito intenso”, explicou o professor.

Questionado se o pleito norte-americano poderia funcionar como uma prévia ao brasileiro, o professor citou exemplos das eleições de 2022. Um deles foi o fato de que Jair Bolsonaro, assim como Donald Trump, questionaram a legitimidade do sistema eleitoral.

“Isso fez com que o Joe Biden reconhecesse com certa rapidez quando Lula foi eleito no Brasil. Biden parabenizou o petista com apenas 11 minutos de distância após o TSE declarar Lula eleito. Uma provocação direta de que o democrata reconhecia o sistema brasileiro e que Jair Bolsonaro não era o candidato de sua preferência”, acrescentou.

Foto: Letícia Carvalho / PS Notícias

Idade de Biden e Lula

Um dos pontos de discussão das eleições foi a idade de Joe Biden, aos 81 anos, após dar indícios de senilidade, o democrata desistiu de sua candidatura para lançar Kamala Harris. Neste mesmo assunto, o presidente Lula já se encontra aos 78 anos, levantando questionamentos sobre sua candidatura.

“Esse debate sobre a idade de Lula pode ocupar certo espaço. Aí tem um ponto interessante, porque quando Kamala assume a candidatura, o idoso passa ser Donald Trump. Agora, o que pesou muito para Biden não foi necessariamente sua idade, mas sim a demonstração da falta de preparo dele. No debate entre ele e Trump, o democrata estava com dificuldade de completar frases. Então, quando se fala de discussão da aparência, o presidente Lula demonstra ainda muita força. É uma análise muito mais de questões físicas e psicológicas para governar o país nos próximos 4 anos. Lula também será submetido a esse tipo de julgamento”, finalizou.

Com a saída de Biden do caminho, o líder da extrema-direita passou a ser o candidato mais velho da história a concorrer à Casa Branca.

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