A defesa de Cláudia Cruz, mulher do deputado federal afastado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), pediu nesta quinta-feira (14) ao juiz Sérgio Moro que envie o processo a que ela responde na Justiça Federal do Paraná para o Rio de Janeiro. Os advogados afirmam que os fatos que compõem a denúncia contra ela não poderiam ser apurados fora do local onde supostamente foram cometidos.
Cláudia Cruz é acusada de lavagem de dinheiro e evasão de divisas. Segundo o Ministério Público Federal (MPF), ela recebeu do marido em uma conta no exterior valores desviados no esquema de corrupção da Petrobras, e utilizou os recursos para pagar faturas de cartões de crédito que continham gastos como, por exemplo, em grifes de luxo na Europa.
A denúncia já foi aceita por Moro, e a defesa de Cláudia Cruz chegou a apresentar uma defesa prévia pedindo que o juiz reveja a decisão, ou que a absolva sumariamente. Até a publicação desta reportagem Moro ainda não havia se manifestado sobre os pedidos.
Nesta nova petição, os advogados de Cláudia Cruz afirmam que não há qualquer indicativo de correlação entre os fatos apurados na denúncia, ou seja, a suposta incompatibilidade patrimonial dela, com o esquema criminoso da Petrobras.
Desta forma, conforme entendimento anterior do Supremo Tribunal Federal (STF), afirmam que fatos sem relação direta com o esquema de corrupção devem seguir as regras de fixação de competência que apontam o local do crime como parâmetro para decidir quem irá investigar.
“O simples fato de a polícia judiciária ou MPF denominarem de ‘fases da operação lava jato’ uma sequência de investigações sobre crimes diversos – ainda que a sua gênese seja a obtenção de recursos escusos para a obtenção de vantagens pessoais e financiamento de partidos políticos ou candidaturas – não se sobrepõe às normas disciplinadoras da competência”, destacaram trecho de voto do ministro Dias Toffoli, quando o STF remeteu parte de investigação que tramitava no Supremo para a Justiça Federal em São Paulo.
A defesa destaca que em nenhum momento o MPF apontou que os fatos que continuam em investigação não fazem menção ou conjeturas sobre contratos da Petrobras.
Ministros e deputados
Na terça-feira (12) a defesa de Cláudia Cruz havia apresentado defesa prévia pedindo que, caso o juiz não rejeitasse a continuidade da ação, ou não a absolvesse sumariamente, que chamasse ministros do governo interino de Michel Temer e deputados federais para serem testemunhas de defesa dela no processo.
Os ministros chamados são deputados federais licenciados para comandarem ministérios de Michel Temer: Maurício Quintella, ministro dos Transportes, e Bruno Araújo, ministro das Cidades.
Além deles, foram chamados seis deputados federais em exercício: Hugo Motta (PMDB-PB), Felipe Maia (DEM-RN), Carlos Marun (PMDB-MS), Jovair Arantes (PTB-GO), Gilberto Nascimento (PSC-SP), e Átila Lins (PSD-AM).
Segundo os advogados, a convocação dos deputados e ministros visam defendê-la da acusação de lavagem de dinheiro e transferência de recursos de suposta origem criminosa entre um trust de Eduardo Cunha e uma conta de Cláudia Cruz no exterior.
Reprodução/G1