Era madrugada quando a casa de Jorge Pacheco da Silva, 53 anos, foi atingida por um deslizamento de terra, causado pelo temporal que atingiu Recife entre a manhã de domingo e segunda-feira (29). Ele morava no bairro Bomba do Hemetério, em uma área cujo risco havia sido sinalizado pela prefeitura.
Com o corpo coberto por escombros e muito barro, mas a cabeça fora do monte de entulho, Jorge chegou a se comunicar com a esposa, que tentou escavar o local para livrá-lo do soterramento.
Apesar dos esforços, Jorge não resistiu. Flávio Lopes Barbosa, 27, enteado dele, que havia mudado para a casa há quatro dias, estava dormindo quando a barreira de terra caiu morrendo na hora. A mulher de Jorge, de nome não divulgado, estava na sala com outro filho e conseguiu sair antes do desabamento. Ela foi atendida pelos bombeiros e está bem.
As mortes ocorridas no Bomba do Hemetério se somaram à de Anderson José da Silva, 20 anos, que morreu eletrocutado, na noite de domingo, em uma calçada do bairro de Santo Amaro, na região central. De acordo com a Companhia Energética de Pernambuco, as fortes chuvas e ventos derrubaram uma árvore sobre fios de baixa tensão da iluminação pública, que se romperam, provocando o acidente.
Em 24 horas (8h de domingo a 8h de ontem), Recife recebeu 228 mm de chuva, um volume esperado para 16 dias. Jorge e família moravam em um conjunto de quatro casas conjugadas. Segundo a prefeitura, todos os moradores haviam recebido alerta para deixar os imóveis devido ao risco de desabamento, mas a família de Silva permaneceu no local.
Após o deslizamento, as casas conjugadas foram interditadas devido ao risco de novo deslizamento. Os moradores se abrigaram em casas de parentes. O secretário-executivo de Defesa Civil do Recife, Cassio Sinomar, afirmou que o acidente foi causado pelo conjunto de chuva intensa e o acúmulo de lixo. Segundo disse, há dez dias foi realizada uma limpeza na área, de onde foram retiradas 50,4 toneladas de lixo.
Os efeitos do temporal também foram sentidos no bairro Jardim São Paulo, onde o piso do estacionamento de um residencial cedeu. O acidente formou uma cratera com mais de seis metros de largura, que ‘engoliu’ dois veículos. Os moradores temem que o resto do edifício corra risco de desabamento.
A Defesa Civil e a construtora responsável pelos prédios vão avaliar a situação. O gerente de meteorologia da Agência Pernambucana de Águas e Climas (Apac), Patrice Oliveira, disse que há previsão de mais chuva para os próximos dias, em toda a faixa litorânea do estado.
Foto: Reprodução/Correio24h