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Brasil tem mais de 1 milhão de novos registros de armas no governo Bolsonaro

Em comparação ao governo Michel Temer, quando o Brasil tinha registadas 1,3 milhões ao todo, houve um aumento de 78%

Reprodução/Agência Senado
Reprodução/Agência Senado

O Brasil presencia um crescimento exponencial de venda de armas particulares, após décadas passadas de incentivo ao desarmamento. Desde que Jair Bolsonaro (PL) assumiu o mandato, em 2019, o país registrou 1 milhão de novas armas, de acordo com dados da Polícia Federal, obtidos pelos institutos Sou da Paz e Igarapé.

Em comparação ao governo Michel Temer, quando o Brasil tinha registadas 1,3 milhões ao todo, houve um aumento de 78%, somando agora no mandato de Bolsonaro 2,3 milhões de armas legalizadas e particulares.

Esta quantidade se divide entre a população civil, servidores civis, como policiais e agentes, e também caçadores, colecionadores e atiradores, os CAC's. Estes últimos dobraram a quantidade de armas em mãos, saltando de 350 mil para 794 mil em quatro anos. O levantamento considera o período final de 2021.

A quantidade de munição vendida no Brasil também chama atenção. O número dobrou no terceiro ano do governo de Jair Bolsonaro em relação ao de Temer. Até novembro de 2021, foram comercializadas 297 milhões de projéteis. 

O maior risco deste aumento desenfreado, apontam especialistas, é que estas armas sejam vendidas no mercado paralelo. Com a flexibilização na compra de armas promovida pelo governo Bolsonaro, hoje até armas de grosso calibre podem ser adquiridas por colecionadores e atiradores.

No Rio Grande do Sul, uma operação da Polícia Civil identificou uma quadrilha que assaltou um carro forte e roubou R$ 4 milhões. Eles utilizaram fuzis que eram de propriedade de um morador de uma cidade do interior do estado, que tinha também outras pistolas. O fornecedor tinha conseguido tirar o CAC meses antes.

Em janeiro, a Polícia Civil e o Ministério Público do Rio fizeram uma operação em que apreenderam 26 fuzis fornecidos por um CAC a traficantes do Comando Vermelho. As armas haviam sido compradas legalmente.

Em contrapartida, parece ser cada vez mais difícil a Polícia Federal agir contra as armas que circulam ilegalmente. Se de um lado, aumentou a quantidade de armas nas mãos dos brasileiros, a PF apreende menos armas ilegais no governo Bolsonaro. Em 2021, somente 549 armas foram apreendidas pelo órgão, quase 1/4 do que foi apreendido em 2016, no governo Dilma Roussef (PT), e em 2017, com Temer. De lá para cá, o número foi caindo gradativamente.