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Bombeiros retomam buscas a desaparecidos em naufrágio no Pará

23 pessoas sobreviveram ao acidente no Rio Xingu. Número de mortos chega a 10 nesta quinta (24).

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As buscas aos desaparecidos no naufrágio da embarcação M/B Capitão Ribeiro na noite de terça-feira (22) no município de Porto de Moz, no sudeste do Pará, foram retomadas às 5h desta quinta-feira (24). Segundo informações do Corpo de Bombeiros, responsável pelo serviço de resgate, o número atualizado de sobreviventes é de 23 pessoas e o total de mortos chega a 10.

O G1 tenta contato com a empresa Almeida e Ribeiro Navegação, mas não foi atendido.

O navio Capitão Ribeiro saiu do município de Santarém, oeste do estado, às 18h de segunda-feira (21), segundo informação da Secretaria de Segurança Pública (Segup). A embarcação tinha escala nos municípios de Monte Alegre e Prainha. O destino final era Vitória do Xingu. O barco afundou por volta de 22h de terça, em uma área denominada Ponte Grande do Xingu, entre Porto de Moz e Senador José Porfírio.

Chovia quando o barco afundou. Muitos sobreviventes disseram que a embarcação foi atingida por uma tromba d’água – fenômeno similar a um tornado.

“A tripulação disse ter visto, no horizonte, algo com o formato de um funil, acompanhado de muita chuva e vento forte, e que teria pego o barco pela popa e o afundado. De acordo com os relatos, a embarcação girou e afundou em seguida”, afirmou o delegado Elcio de Deus, de Porto de Moz.

Inicialmente, a Secretaria de Segurança Pública informou que havia 70 pessoas no barco. Nesta quarta-feira, entretanto, a pasta disse que contabiliza 49 pessoas envolvidas no incidente: 23 sobreviventes, 10 mortos e 16 reclamados pela família. O dono do barco disse ao governo que havia 48 pessoas na embarcação.

Confusão de números

Na quarta-feira pela manhã, a Secretaria de Segurança Pública informou que havia 70 pessoas no barco, das quais 25 sobreviveram.
No fim da tarde, a pasta divulgou que, na verdade, havia 15 sobreviventes, e que 10 mortos foram resgatados.
Ainda na quarta, o Corpo de Bombeiros informou que o número de resgatados subiu para 19.
Na manhã desta quinta-feira, a secretaria informou que, segundo o dono do barco, havia 48 pessoas na embarcação.
A pasta, porém, informou que trabalha com o número de 49 pessoas: 10 mortos, 23 sobreviventes e 16 desaparecidos.
A divergência entre o que disse o piloto e os números da secretaria não foi esclarecida até o momento.

Investigações

A Polícia Civil já ouviu integrantes da tripulação e sobreviventes. O dono da embarcação será ouvido na manhã desta quinta-feira.

De acordo com a Agência Estadual de Regulação e Controle de Serviços Públicos (Arcon-Pa), a empresa não estava legalizada para fazer o transporte de passageiros.

Vítimas

A equipe do Centro de Perícias Científicas “Renato Chaves” liberou na noite de quarta-feira (23) os corpos das nove vítimas já identificadas do naufrágio da embarcação Capitão Ribeiro. Entre elas, está um bebê de 1 ano.

A identificação dos mortos está sendo feita no ginásio municipal Chico Cruz. Uma equipe de oito profissionais, entre peritos, médico e auxiliares do Centro de Perícias Científicas de Belém e de Altamira atua no trabalho. Com o apoio da Prefeitura de Porto de Moz, foi montado um atendimento padrão para “desastres em massa”.

Os mortos identificados são:

Luciana Pires, de 28 anos
Neiva Romano, 18
Maria Duarte, 57
Aurilene Sampaio, 36
Lucivalda Marques Oliveira, 41
Roseane dos Santos Leite, 25
W.L.O , 56, de Santarém
Orismar Miranda, 61
S.H.S.S, 1 ano

O CPC liberou os corpos com a expedição da declaração de óbito para os familiares. O corpo de um homem, a décima vítima, ainda aguarda, oficialmente, pelo reconhecimento da família.

Buscas

As equipes do Corpo de Bombeiros mantiveram as buscas às vítimas até o final da tarde de quarta-feira e as retomam cedo nesta quinta. Uma balsa e embarcações da Prefeitura de Porto Moz, além de lanchas do Corpo de Bombeiros, estão sendo usadas na operação. O helicóptero do Graesp está apoiando as ações na área de buscas.

De acordo com o Corpo de Bombeiros/Defesa Civil, a embarcação, com capacidade para 90 a 100 passageiros, foi ancorada às proximidades da margem com o apoio de uma balsa da prefeitura.

Técnicas da Secretaria de Estado de Assistência Social, Trabalho, Emprego e Renda (Seaster) já acompanham os sobreviventes e realizam o atendimento psicossocial dos familiares.

Sobreviventes

"O barco começou a estalar e foi todo mundo para o fundo”, disse o DJ Bruno Costa, de 29 anos, que sobreviveu ao naufrágio do barco.

Segundo Bruno, uma lona colocada sobre o barco para proteger os passageiros de uma forte tempestade na noite de terça dificultou que mais pessoas conseguissem se salvar da embarcação.

“Vivi momentos terríveis na minha vida. A lona que é amarrada quando chove impediu muita gente de sair. Eu consegui resgatar uma criança de uns 2 anos, mas eu estava sem colete, a criança também”, disse Bruno Costa.

Ainda de acordo com Bruno, um homem que também tentava sobreviver impediu que ele concluísse o resgate da criança. “Ele subiu em cima de mim, tirou a criança e rasgou minha camisa. Eu consegui sair desse cara e ele foi para o fundo”.

Segundo o DJ, ao chegar a superfície ele conseguiu avistar outros sobreviventes, mas nem todos conseguiam se manter flutuando pela falta de coletes salva-vidas. “Foi aí que consegui me manter na superfície, mas muita gente infelizmente não conseguiu”, relata.

Reprodução/G1