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Belém apura participação de policiais em série de homicídios

25 pessoas foram mortas com características de execução em 24 horas

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 src=A Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa do Pará (Alepa) vai acompanhar de perto a investigação dos homicídios registrados em Belém e região metropolitana após a morte do policial militar Rafael da Silva Costa, na última sexta-feira (20). O número atualizado pelo Governo do Estado de mortes com características de execução chega a 25.

“Os indícios são muito fortes de envolvimento de milícias e grupos de extermínio. É preciso um acompanhamento externo forte. Eu vou propor junto ao presidente Márcio Miranda que nós formemos uma comissão externa de acompanhamento, para que a Assembleia Legislativa acompanhe de uma forma extremamente atenta a evolução dessas investigações”, afirmou o presidente da Comissão de Direitos Humanos da Alepa, Carlos Bordalo.

Entenda o caso
A onda de assassinatos começou após a morte de um policial militar na manhã de sexta-feira (20) em um tiroteio no bairro da Cabanagem, em Belém. Rafael da Silva tinha 29 anos, era soldado da Ronda Tática Metropolitana (Rotam) e atuava na perseguição a suspeitos de assalto. Durante troca de tiros com os suspeitos, Rafael foi atingido na cabeça e chegou a ser levado para o Hospital Metropolitano, em Ananindeua, mas não resistiu aos ferimentos.

Após a morte de Rafael, houve o registro de 25 homicídios na capital paraense em 24 horas. Segundo o diretor do Instituto Médico Legal (IML), Orlando Salgado, todas as mortes têm características de execução. O Governo do Estado admitiu a possibilidade de uma relação entre a morte do soldado e os crimes de execução.

Para o deputado Carlos Bordalo, o "modus operandi" dos assassinos nesse caso foi o mesmo detectado na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) instaurada em dezembro de 2014 para apurar a existência de grupos de extermínio no Pará. A CPI das Milicias foi proposta pelo deputado Edmilson Rodrigues após dez pessoas terem sido executadas em bairros da periferia de Belém na noite do dia 4 de novembro de 2014, em resposta ao assassinato do cabo Antônio Marcos Figueiredo, da Polícia Militar. 

“Os indícios são muito fortes de envolvimento de milícias e grupos de extermínio. A morte que eu vou pegar como exemplo nesse caso todo é a morte no Curuçamba, com denúncias fortes que um carro da polícia veio antes da própria polícia recolher os artefatos que ficaram depois das execuções, para fazer a limpeza da área”, aponta Bordalo.

O deputado acredita ainda que as 25 mortes podem se tratar de uma retaliação a morte do policial da Rotam. “Se não todos, mas aqueles homicídios que ocorreram entre as 13h e 23h do dia 20 têm indícios muito fortes de envolvimento de execuções por milícias e ocorreram nos bairros adjacentes a Cabanagem, onde foi verificado o evento da morte do soldado Rafael”, afirma.

Investigações
Todos os casos estão sendo investigados pela Divisão de Homicídios. A Secretaria de Segurança Pública (Segup) informou que ainda não vai divulgar a lista oficial com o nome das pessoas que foram assassinadas e nem informou detalhes sobre cada morte, por questões de segurança e sigilo nas investigações. O Governo informou que instalou um gabinete permanente de situação, envolvendo todos os órgãos da área para acompanhar e monitorar os acontecimentos.

O secretário de segurança, Jeannot Jansen, informou no sábado (21) que o governador do Estado, Simão Jatene, fez contato com o ministro da Justiça, Alexandre de Moraes. Segundo Jansen, governador e ministro conversaram sobre a possibilidade de cooperação da União nas investigações. O resultado da conversa foi de que a melhor colaboração seria a constituição de um grupo guiado pela inteligência para as investigações dos crimes.

Reprodução: G1