Brasil

Banco estrangeiro diz que Dilma está mais próxima de sofrer impeachment

Um comunicado divulgado pelo banco britânico Barclay's a seus clientes diz que a presidente Dilma Rousseff está mais próxima de sofrer impeachment e ser retirada do poder

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Um comunicado divulgado pelo banco britânico Barclay's a seus clientes diz que a presidente Dilma Rousseff está mais próxima de sofrer impeachment e ser retirada do poder. Segundo uma reportagem publicada no site “Business Insider'', a nota destaca o isolamento da presidente, que está cada vez mais enfraquecida.

“A presidente Dilma está ficando mais isolada enquanto sua base está encolhendo, portanto o risco de impeachment cresce'', diz o texto assinado pelo analista Bruno Rovai, pesquisador de mercados do Brasil e da América Latina baseado em Nova York.

A avaliação ressalta que há três mudanças recentes na política brasileira que levam a pensar no impeachment, mesmo que o movimento nas ruas pareça ter diminuído nos últimos meses: A prisão do marqueteiro João Santana, o aumento das críticas a Dilma dentro do próprio PT e a rejeição das política econômicas pelos movimento sociais.

O texto ressalta que os problemas do governo devem se tornar ainda maiores a partir de protestos agendados para este mês. “Apesar de haver uma pequena chance de vermos movimentos sociais combinados com opositores do governo protestando juntos, há uma maior probabilidade de os protestos crescerem a ponto de consolidar a perda de apoio popular, desafiando membros do Congresso a acompanhar a movimentação, deixando a presidente ainda mais isolada'', explica o texto.

“Continuamos a ver a presidente Dilma lutando para reconquistar a governabilidade e a credibilidade com sua base aliada, enquanto tenta aprovar medidas impopulares de ajuste fiscal para tentar conter a deterioração fiscal que ameaça a sustentabilidade da dívida do país. Essas duas batalhas são muito difíceis de serem vencidas separadamente, mas enfrentá-las juntas é quase impossível'', diz o comunicado do banco.

A opinião internacional anda muito dividida em relação ao impeachment nas últimas semanas. Depois de ter uma postura mais consolidada em oposição a qualquer processo para interromper o governo Dilma, algumas vozes estrangeirascomeçaram a ver como mais provável que haja um processo mais contundente contra Dilma.

Em dezembro, uma análise publicada na revista de economia “Fortune'' dizia que a abertura do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff impulsionou o apetite do mercado internacional pela economia brasileira e fez a Bolsa subir junto com o risco do fim do atual governo. O impeachment, entretanto, ainda era visto como improvável e, mesmo se acontecesse, não seria bom para o país e sua economia, segundo a revista.

No início de fevereiro, a rede de economia “Bloomberg'' tinha opinião parecida, e dizia que a volta dos políticos brasileiros ao trabalho após a folga de fim de ano trazia uma realidade um pouco mais tranquila para a presidente Dilma Rousseff. A governante provavelmente vai escapar de um impeachment, mas vai sofrer por um longo tempo junto com a economia brasileira, avaliou.

O cientista político argentino Anibal Pérez Liñan, professor de ciência política da Universidade de Pittsburgh e especialista em processos de impeachment na América Latina, segue esta linha de pensamento. Em entrevista ao site brasileiro da rede britânica BBC, Liñan avaliou o momento turbulento por que passa o governo de Dilma Rousseff, mas disse que ela ainda pode ter uma relação forte o suficiente com o Congresso para sobreviver no poder.

A discussão sobre o impeachment, entretanto, deixou a imagem da democracia brasileira mais enfraquecida. O Brasil caiu da 44ª para 51ª posição no ranking de países mais democráticos do mundo da Economist Intelligence Unit, consultoria ligada à revista “The Economist''. O país é considerado uma “Democracia com Falhas'', e sua democracia recebeu nota média 6,96. O país é bem avaliado em termos de processo eleitoral e pluralismo (9,58), mas tem nota baixa (4,44) em participação política. O problema do país é a incapacidade de igualar “avanços extraordinários na democracia eleitoral'' a melhoras na efetividade da política e na cultura política. “O caso mais relevante de 2015, de longe, é o do Brasil, onde a presidente Dilma Rousseff enfrenta a ameaça de impeachment'', diz o estudo.

Foto: Reprodução