Bahia

Vovô não confirma brancos no Ilê Ayê em 2024, mas admite: "Recebo muita pressão"

Fundador do bloco afro garantiu que decisão será tomada em conjunto com direção e associados

Vagner Souza /Salvador FM
Vagner Souza /Salvador FM

No aniversário de 50 anos do bloco Ilê Ayê em 2024 uma novidade pode dar o que falar. Pela primeira vez, o bloco afro conhecido tradicionalmente como símbolo de resistência contra o racismo e opressão à população negra, pode admitir a entrada de brancos para desfilarem no Carnaval.

A informação foi confirmada pelo colunista Marrom, do Correio, em conversa com o diretor do bloco, Antonio Carlos Santos, conhecido como Vovô do Ilê

Em conversa com o Portal Salvador FM, contudo, Vovô negou que a decisão já tenha sido tomada e garantiu que o assunto será tratado em conjunto com a alta cúpula da entidade e seus associados.

Sem revelar quem estaria por trás dos apelos para a mudança no Ilê, Vovô admitiu que tem recebido "muita pressão" para dar um novo passo na história do 'Mais Belo dos Belos'.

"Não estamos pensando nisso agora. Seria algo para a comemoração dos nossos 50 anos. Eu recebo muita pressão em relação a isso, mas estamos conversando ainda. Vou debater com a diretoria e consultar os associados, porque somos um bloco democrático", disse 

Filho da lendária Mãe Hilda, do terreiro Ilê Axé Jitolu, no Curuzu, Vovô se tornou Ògan de Obaluê e fundou o Ilê Ayê no dia 1° de novembro de 1974, junto com Apolônio de Jesus, com o objetivo de promover e preservar as tradições culturais afro-brasileiras perpetuadas na Bahia. 

O bloco também se dedica a combater o preconceito e o racismo contra a população negra, trazendo referências em suas músicas.

Vovô do Ilê é filho da lendária Mãe Hilda, do terreiro Ilê Axé Jitolu, onde ele é Ògan de Obaluaê. Ao fundar o Ilê, em 1º de novembro de 1974, Vovô, juntamente com Apolônio de Jesus, tinha como principal preocupação preservar e promover as tradições culturais africanas e afro-brasileiras existentes na Bahia, bem como denunciar e combater o preconceito étnico-racial. Desde a criação do bloco, dedica-se exclusivamente à sua administração. 

Processo parecido foi submetido o bloco Filhos de Gandhy, que também passou por diferentes transformações desde a sua fundação. Originalmente formado por estivadores, em sua maioria negros, a partir de 1999 a associação foi democratizada e passou a não ser tão restrita. Antes, era necessário ser recomendado por algum outro associado, que seria responsável pelo seu comportamento durante o bloco. 

Foi na virada para o ano 2000 que os Filhos de Gandhy também incorporaram o desfile na segunda-feira e decidiram levar o bloco também para o circuito da Barra-Ondina, se distanciando da tradição e se aproximando dos turistas.