Bahia

Uma semana após tragédia, travessia Salvador-Mar Grande tem 2º dia de operação; buscas são retomadas

Nesta quarta, missa será realizada em homenagem às pessoas que morreram após naufrágio

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A travessia Salvador-Mar Grande tem fluxo tranquilo na manhã desta quarta-feira (30), segundo dia de operação após o naufrágio de uma embarcação deixar ao menos 19 mortos. A tragédia completa uma semana. O Ministério Público instaurou um inquérito civil para apurar as circunstâncias do acidente.

O movimento nesta quarta é maior que o registrado na terça-feira (29), mas, de acordo com a Associação dos Transportadores Marítimos da Bahia (Astramab), não há filas para embarque nem no terminal de Vera Cruz, na Ilha de Itaparica, e nem no Terminal Náutico, no Comércio, em Salvador.

O Arcebispo de Salvador e Primaz do Brasil, Dom Murilo Krieger, presidirá uma missa de 7º dia pelas almas das vítimas do naufrágio. A celebração eucarística acontecerá, às 18h30, na matriz da paróquia Sagrado Coração de Jesus, localizada na Ilha da Vera Cruz.

A Marinha informou que as buscas por vítimas da tragédia foram retomadas ao nascer do sol e que só serão encerradas ao final da tarde. Uma adolescente de 12 anos está desaparecida. Familiares dela registraram o desaparecimento da menina nasta terça-feira, na 24ª Delegacia Territorial de Vera Cruz.

Nesta quarta-feira, a travessia opera, desde as 5h, com seis embarcações e com horários de saída dos terminais a cada 30 minutos. As condições de navegação na Baía de Todos-os-Santos são consideradas boas, com ventos fracos e mar calmo, segundo a Astramab.

Para os usuários que fazem a travessia no sentido Mar Grande Salvador, a última saída hoje será às 18h30. No sentido inverso, a última viagem ocorre às 20h.

A 19ª vítima da tragédia, o eletricista Salvador Souza Santos, de 68 anos, foi encontrada no domingo (19) e sepultada na manhã de terça-feira (29), sob forte começão. A cerimônia ocorreu no Cemitério Quinta dos Lázaros, na capital baiana, por volta das 10h20.

Inquérito do MP

O inquérito do MP para apurar o acidente foi instaurado na terça-feira pela 5ª Promotoria de Justiça do Consumidor da Capital, segundo informou a assessoria de comunicação do órgão. A instauração do processo foi publicada no Diário da Justiça Eletrônico.

O órgão divulgou que, há dez anos, já havia alertado as autoridades sobre as condições do serviço. Segundo o MP-BA, até 2011 as embarcações funcionavam sem regulamentação e fiscalização. Depois de uma ação do órgão, foi criada a lei estadual 12.044 e o serviço foi regulamentado e a Agência Estadual de Regulação de Serviços Públicos de Energia, Transportes e Comunicações da Bahia (Agerba) passou a ser responsável pela fiscalização do serviço prestado na travessia Salvador-Mar Grande.

Conforme o Ministério Público, mesmo com a regulamentação, os problemas continuaram. Três anos depois da lei, o MP disse que entrou com uma nova ação. O novo documento alertava que nos barcos que transportam as pessoas, em dias de chuva, ocorria um parcial alagamento, gerando insegurança, desconforto e insatisfação aos usuários. Essa ação de 2014 também incluía a empresa CL Transporte Marítimos, dona da embarcação que virou.

Além dessa investigação do MP, as causas do acidente devem ser divulgadas em inquérito também aberto pela Capitania dos Portos e pela Polícia Civil, em um prazo de 90 dias, contados desde o acidente, que ocorreu no dia 24 de agosto.

A Câmara de Vereadores de Vera Cruz também abriu uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para apurar as responsabilidade sobre o acidente, e discutir melhorias na travessia Salvador-Mar Grande.

A Agência Estadual de Regulação de Serviços Públicos de Energia, Transportes e Comunicações da Bahia (Agerba) disse que faz a devida fiscalização das atividades. Já a CL Transporte Marítimo disse por meio de nota que a lancha estava "com a documentação regular, estando sua vistoria com prazo de validade até 20/04/2021".

A empresa inda ainda disse que "submete-se diariamente às vistorias da Capitania e seus tripulantes são treinados periodicamente, além de ser fiscalizada diariamente pela Agerba".

Reprodução/G1