Em 24 de agosto de 2017, a lancha Cavalo Marinho I, que fazia a travessia Salvador – Mar Grande, naufragou na Baía de Todos-os-Santos, cerca de 20 minutos após deixar o terminal marítimo situado na localidade do município de Vera Cruz, na região metropolitana de Salvador.
A tragédia, que aconteceu a 200 metros da costa, é considerada pela Marinha como a maior ocorrida nos últimos 20 anos no estado: ao todo, 19 pessoas morreram e 89 ficaram feridas.
Confira o que se sabe sobre a tragédia de Mar Grande:
Passageiros
Ao todo, 120 pessoas, entre passageiros e tripulantes, estavam a bordo da embarcação, que pertence a CL Transporte Marítimo. O barco tinha capacidade para 160 pessoas. No dia do acidente, 129 pessoas adquiriram bilhete para fazer a travessia, no entanto, nove delas não embarcaram. Do total de pessoas que estavam na lancha, quatro eram tripulantes. Outros quatro passageiros eram policiais militares – nenhum deles morreu. O resgate dos passageiros se deu por meio de barcos oficiais e de embarcações particulares.
Lista das vítimas:
1. Davi Gabriel Monteiro Coutinho, 6 meses;
2. Darlan Queiroz Reis Julião, 2 anos;
3. Dulciana dos Santos Queiroz, mãe de Darlan, 38 anos;
4. Dulcelina Machado dos Santos, avó de Darlan, 59 anos;
5. Laís Pita Trindade, 20 anos;
6. Taís Medeiros Ramos de Sales, 32 anos;
7. Thiago Henrique de Melo Muniz Barreto, 35 anos;
8. Antônio de Jesus Souza, 67 anos;
9. Ivanilde Gomes da Silva, 70 anos;
10. Isnaildes de Oliveira Lima, 48 anos;
11. Lucas Medeiros Leão, 2 anos;
12. Rita dos Santos, 54 anos;
13. Rosemeire Novaes Carneiro da Costa, 49 anos;
14. Sandra C. Lima dos Santos, 40 anos;
15. Lindinalva Moreira da Silva, 50 anos;
16. Edilene Oliveira dos Santos, 43 anos;
17. Edileuza Reis da Conceição, 53 anos;
18. Alessandra Bonfim dos Santos, 36 anos;
19. Salvador Souza Santos, 68 anos.
Investigações
As circunstâncias do acidente e os culpados foram alvo de investigações nos âmbitos civil e criminal por órgãos como a Secretaria de Segurança Pública do Estado da Bahia (SSP-BA), por meio da Polícia Civil; Marinha, por meio do Comando do 2° Distrito Naval; Defensoria Pública do Estado da Bahia (DPE-BA); Ministério Público do Estado da Bahia (MP-BA); Câmara de Vereadores de Vera Cruz e Superintendência Regional do Trabalho na Bahia (SRT/BA).
Em janeiro deste ano, cinco meses depois do naufrágio, a Marinha apresentou resultado do inquérito que apurou as causas do naufrágio. Na investigação, foram considerados responsáveis pelo naufrágio o engenheiro técnico e o dono da empresa, por negligência, além do comandante da embarcação, por imprudência. Além disso, foi indicado que a embarcação não tinha condições de navegabilidade e que havia lastros soltos no convés.
Em março, auditores da Superintendência Regional do Trabalho na Bahia (SRT/BA), do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), apresentaram resultado de um estudo sobre o acidente que apontou como responsáveis a empresa dona da lancha, a falta de treinamento dos tripulantes, a demora na chegada do resgate, a falta de dragagem e desobstrução do canal marítimo de acesso ao atracadouro por parte do Estado.
No mesmo mês, a Defensoria Pública do Estado da Bahia (DPE) apresentou o resultado de uma força tarefa para apurar as causas e responsabilidades do acidente. O órgão apontou a Agência Estadual de Regulação de Serviços Públicos de Energia, Transportes e Comunicações da Bahia (Agerba) como responsável por falha na fiscalização da embarcação.
Em abril, a Polícia Civil divulgou resultado de inquérito e indiciou o proprietário, o engenheiro e o comandante da lancha Cavalo Marinho I pelo acidente. Os três foram acusados por homicídio culposo (quando não há a intenção de matar), e lesão corporal culposa.
O inquérito foi remetido à Justiça na mesma época, no entanto, voltou para a delegacia responsável pelo caso, a 24ª Delegacia Territorial (DT/Vera Cruz), para que fossem realizadas novas diligências a pedido do Ministério Público. Atualmente, segundo a SSP-BA, algumas testemunhas estão sendo ouvidas novamente. Após conclusão desta demanda, o inquérito será reenviado ao MP-BA.
G1 // AO