Bahia

Terremoto não foi causa de estrondo sentido na Bahia, diz especialistas da USP

Para Centro de Sismologia da Universidade de São Paulo, quebra de barreira do som é uma possível causa

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O Centro de Sismologia da Universidade de São Paulo (USP) divulgou nota no final da noite deste domingo(26) atestando que o estrondo e tremor sentidos por moradores da capital, região metropolitana e do recôncavo baiano não foi um terremoto. 

O Centro recolheu uma série de notificações de internautas sinalizando o fenômeno, mapeou e concluiu que: “caso as vibrações tivessem sido causadas por um tremor de terra, o tamanho da área de percepção teria um raio de 20 km, e indicaria uma magnitude de pelo menos 3 na escala Richter”.

Ainda segundo os estudiosos informaram, em nota, nenhuma das estações da Rede Sismográfica Brasileira (RSBR) registrou qualquer sinal que pudesse ser associado a um abalo sísmico em Salvador. “Um tremor de magnitude 3 seria bem registrado até centenas de km de distância”, informou. .

O Centro, no entanto, aponta que um das linhas de investigação possível para explicar o fenômeno seria a quebra de barreira do som por jatos da Força Aérea nacional. Procurada, a Forças Aéreas Brasileira (FAB) informou que está investigando o caso, mas ainda não se posicionou.

A terra 'tremeu'
A assistente administrativa Camilla Souza, moradora do Porto da Barra, estava adormecendo quando viu a porta do seu quarto trepidar. “Foi coisa de três ou quatro segundos. Minha cachorra latiu, e quando eu fui para a janela, tinham vários peixes pulando na beira do mar. Em filmes, quando acontece alguma coisa os animais avisam”, contou impressionada. 

A jornalista Luciana Melo, que mora na Rua Professor Severo Pessoa, na Federação, não ouviu barulhos, mas sentiu os tremores enquanto acordava na manhã de hoje. "Balançou tudo. Foi algo muito estranho. Balançou a casa inteira. Eu estava na cama deitada ainda quando vi a casa tremendo. Meu marido estava na cozinha e ele sentiu também. A princípio achei que tivesse caído um tronco do pé de amêndoas no telhado. Fiquei confusa. Depois vi no Facebook o relato de outras pessoas. É muito estranho, pois muita gente sentiu em áreas distintas", comentou. 

O representante comercial Diego Serravale, que mora na Liberdade, ligou para a redação do CORREIO para relatar a sua experiência. "Eu estava dormindo, por volta das 7h, acordei com a porta de vidro da sala trepidando. Achei até que fosse um carro de som muito alto, mas não era".

Já em Sapeaçu, os moradores também ouviram um forte barulho que chegou a ser confundido com uma explosão. “Foi realmente assustador. Houve até um tremorzinho de terra. Eu pensei que se tratava do início de um terremoto e fiquei atônito”, disse o aposentado Antônio José Souza, que estava na área externa da sua casa quando ouviu um estrondo e sentiu o chão tremer. Morador de Três Oiteiros, zona rural do município, ele contou que nunca tinha passado por uma situação semelhante. 

Não viram

O tremor que assustou muitas pessoas na Bahia não foi percebido por outros baianos. A desenvolvedora de sistemas Edely Gomes, 27 anos, mora no oitavo andar de um prédio, no Imbuí. Ela contou que acordou cedo neste domingo, mas não sentiu o tremor nem ouviu barulho fora do comum. 

"Eu acordei por volta das 4h. Estava com o notebook ligado, mas ele estava baixo, justamente, para não fazer barulho. Fiquei sabendo do suposto tremor através do Facebook, mas, na hora, não escutei nada fora do normal", afirmou.

A publicitária Katia Assis, 32 anos, também mora no Imbuí e, assim como Edely, não percebeu nada fora da rotina. "O porteiro disse que alguns carros balançaram na hora, mas eu, sinceramente, não senti nada. Moro no quarto andar. Acordei às 6h e casa estava silenciosa na hora em que disseram que o tremor ocorreu. Não percebi nada anormal", contou.

No Rio Vermelho, a enfermeira Tereza Cristina Rodrigues, 37, não sentiu nada. Ela é natural de Montes Claros, cidade de Minas Gerais famosa por registrar tremores de terra e está morando há 3 anos em Salvador. Esta manhã, Tereza dormia quanto o tremor aconteceu e não acordou com o barulho. "Já estou acostumada, nem acordo mais. Não ouvi nada, só fiquei sabendo depois, pelo whatsApp", afirmou.

Sem registro

O presidente da Associação Baiana de Geólogos (ABG), Fábio Rodamilans, informou que por enquanto o que há são relatos de pessoas que sentiram o tremor, mas que a ABG só trabalha em cima de informações concretas.

"Procuramos a Defesa Civil e eles informaram que não houve nenhuma ocorrência. Estamos em um fórum com geólogos e geofísicos tentando achar a causa, mas oficialmente  não há nada o que dizer. Enquanto não tivermos dados do sismógrafo, a gente enquanto pesquisador não pode dizer nada, não podemos trabalhar em cima de achismo", pondera o especialista.

Rodamilans informou ainda que acha muito pouco provável que o tremor sentido em Salvador tenha relação com o abalo sentido no Peru. 

Um site local  procurou a Coordenadoria de Defesa Civil de Salvador (Codesal), a Central de Polícia, o Instituto Nacional de Metereologia (Inmet) e a Marinha, mas nenhum órgão soube explicar o que ocorreu.  

No site do Observatório Sismológico da Universidade de Brasília (UNB) também não há registro do episódio. O último evento registrado foi um tremor no dia 15 de março, na cidade de Camboci, no Rio de Janeiro. Já no Centro de Sismologia da Universidade de São Paulo (USP) não há nenhuma menção a qualquer acontecimento em Salvador, o último registro foi o do terremoto no Peru.

Reprodução/Correio24h