Bahia

Seis de cada 10 trabalhadores ganhavam menos que salário mínimo na Bahia em 2021, diz IBGE

De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a renda triplicava com ensino superior completo

Marcello Casal Jr/Agência Brasil
Marcello Casal Jr/Agência Brasil

Seis de cada 10 trabalhadores ganhavam, em média, menos que o salário mínimo, na Bahia, em 2021, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNADC), nesta sexta-feira (2). De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a renda triplicava com ensino superior completo.

Responsável por cerca de 70% da composição do rendimento domiciliar (base para as linhas de pobreza e extrema pobreza), o salário médio (rendimento médio real mensal habitualmente recebido no trabalho principal) na Bahia era o terceiro mais baixo do país, em 2021: R$ 1.543.

Conforme o IBGE, o número ficava aquém da média nacional (R$ 2.406) e acima apenas dos verificados no Piauí (R$ 1.409) e no Maranhão (R$ 1.452).

Na Bahia, os rendimentos médios de trabalho mais baixos eram os recebidos pelo empregados sem carteira assinada, inclusive trabalhadores domésticos (R$ 1.012) e pelos trabalhadores por conta própria (R$ 1.060). Ambos os valores estavam abaixo do salário mínimo da época (R$ 1.100).

Esses dois grupos eram majoritários no mercado de trabalho baiano, representando quase 6 em cada 10 pessoas ocupadas: 57,1% de todos os trabalhadores na Bahia, ou cerca de 3 milhões de pessoas.

Por outro lado, os maiores rendimentos médios de trabalho no estado eram os de empregadores (R$ 3.761) e funcionários públicos estatutários ou militares (R$ 3.093), que representavam 1 em cada 10 trabalhadores: 12,1% ou 637 mil pessoas.

Além da forma de inserção no mercado de trabalho (posição na ocupação), outro fator importante de aumento do salário médio é o nível de instrução. Quanto mais escolarizado o trabalhador, maior seu rendimento médio por hora trabalhada. Ter ensino superior significava ganhar, em média, quase o triplo.

No ano passado, os trabalhadores com ensino superior completo na Bahia recebiam, em média, R$ 25,90 por hora trabalhada, enquanto aqueles que só tinham ensino médio completo ou superior incompleto ganhavam, em média, R$ 9,60 por hora.

O rendimento-hora dos trabalhadores com ensino superior era quase quatro vezes o daqueles que tinham apenas concluído o ensino fundamental (R$ 6,70/hora) e quase cinco vezes o dos que tinham, no máximo, o fundamental incompleto (R$ 5,50/hora).

Procura por trabalho

Além dos baixos rendimentos médios de trabalho, a Bahia ainda enfrentava, em 2021, uma desocupação elevada e prolongada. Havia no estado também uma proporção importante de adolescentes e jovens que não estudavam nem trabalhavam.

A taxa de desocupação baiana era 21,3%, a mais alta do país, e 1,418 milhão de pessoas estavam procurando trabalho (desocupadas). Uma em cada três dessas pessoas procurava trabalho havia pelo menos dois anos, sem encontrar: 33,2% ou 470 mil, em números absolutos.

A proporção de pessoas em desocupação prolongada na Bahia (33,2%) foi a maior para o estado nos nove anos de séria histórica da PNAD Contínua, desde 2012. Era também o 4º maior percentual entre os 27 estados, abaixo apenas dos verificados no Amapá (51,9% dos desocupados procuravam trabalho há pelo menos dois anos), na Paraíba (36,4%) e no Rio de Janeiro (35,7%).

A Bahia também seguia, no ano passado, com uma parcela expressiva de sua população jovem que não estudava e nem trabalhava (podendo estar procurando ou não trabalho). Essa era a situação de quase três em cada 10 pessoas de 15 a 29 anos de idade no estado: 29,8% ou 1,052 milhão em números absolutos.

O percentual de adolescentes e jovens que não estudavam nem trabalhavam na Bahia estava um pouco acima do verificado no Brasil como um todo (25,8% ou 12,7 milhões de pessoas de 15 a 29 anos nessa condição) e era o 10º entre as 27 unidades da Federação.

Na Bahia, essa proporção já chegou a ser mais próxima de 20% em 2014, quando atingiu seu patamar mais baixo (23,4%), mas aumentou e gira em torno de 30% desde 2016, sem mostrar alteração significativa.