Bahia

Secretário apresenta projeto do BRT em reunião na Assembleia

O projeto prevê alcançar o atendimento de cerca de 31 mil passageiros por hora até o ano. Só a primeira etapa terá um investimento de R$ 408 milhões, segundo o secretário.

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Fazer o trajeto da Estação da Lapa ao Iguatemi, que gasta uma hora e meia de ônibus nos horários mais movimentados, em apenas 16 minutos. Esse será o tempo médio de quem utilizar o BRT, o corredor de transporte integrado de Salvador, conforme assegurou o secretário municipal de Transportes, Fábio Motta, em audiência pública realizada na manhã de ontem, na Assembleia Legislativa da Bahia. Durante o encontro, promovido pela Comissão de Desenvolvimento Urbano da Assembleia, o secretário apresentou o projeto de transporte público que está em fase de licitação para a construção da primeira etapa, que ligará o Parque da Cidade até a Rodoviária. A audiência foi conduzida pela deputada Maria del Carmen (PT), presidente da comissão, e lotou o auditório do Memorial do Legislativo, contando ainda com a presença de dezenas de parlamentares. De acordo com o secretário, o BRT (sigla de transporte rápido por ônibus, em inglês) será implantado em duas etapas ao longo da avenida Vasco da Gama, a Lucaia, avenida Juracy Magalhães, avenida ACM, Lapa e terminal de integração Iguatemi. O projeto prevê alcançar o atendimento de cerca de 31 mil passageiros por hora até o ano. Só a primeira etapa terá um investimento de R$ 408 milhões, segundo o secretário.

Para o Fábio Motta, a implantação do BRT é uma prova de que a prefeitura prioriza cada vez mais o transporte público. “Quando o cidadão, que demorava um hora e 30 minutos para sair da Lapa e chegar ao Iguatemi, poderá fazer esse mesmo trajeto em 16 minutos não é preciso nem responder se estamos priorizando o transporte público ou individual”, afirmou o secretário, diante de questionamentos feitos por urbanistas durante a audiência. Mas, de forma geral, os deputados tanto do governo quanto da bancada de oposição, elogiaram a iniciativa da prefeitura de implantar o corredor de ônibus na capital baiana. “Temos que louvar o investimento que está sendo feito em Salvador. Pensar em mobilidade urbana é pensar em melhorar a qualidade de vida das pessoas que moram na cidade”, afirmou o deputado Rosemberg Pinto (PT). Para ele, essa intervenção vai influenciar na vida de pelo menos 70% da população de Salvador. O deputado Leur Lomanto Jr (PMDB), líder da bancada de oposição, também destacou o impacto que o BRT terá na mobilidade urbana. “Essa obra ficará marcada na história de Salvador graças ao esforço do prefeito ACM Neto (DEM) para destravar os recursos do governo federal”, afirmou o deputado, destacando também a participação considerada por ele fundamental do então ministro Geddel Vieira Lima (PMDB) para liberar os recursos. “Esse projeto, junto com o metrô, vai dotar Salvador do melhor sistema de mobilidade urbana do Brasil”, acredita Leur.

O deputado Sidelvan Nóbrega (PRB) seguiu o mesmo discurso. “É a primeira vez em muitos anos que vemos a prefeitura de Salvador e o governo do estado pensarem seriamente na mobilidade urbana. E isso vai ter um impacto muito positivo na vida da população”. O BRT é uma projeto da prefeitura, enquanto o metrô, cuja segunda etapa ligará a Lapa ao aeroporto, está sendo tocado pelo governo do estado. Apesar dos elogios, o projeto também recebeu críticas durante a audiência. Maria del Carmen, por exemplo, apontou como deficiência o fato dele ter sido pouco discutido com a população em geral. “Houve apenas duas discussões sobre o BRT de Salvador, que foram realizadas em 2014”, criticou a comissão Comissão de Desenvolvimento Urbano da Assembleia.

O arquiteto Carl Van Havenschild também fez críticas ao projeto. De acordo com ele, o projeto não está previsto no Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano (PDDU) de Salvador. “O projeto não prevê também a questão da micro-acessibilidade. Porque se o cidadão que mora na Pituba tiver que andar um quilômetro para chegar ao corredor de ônibus ela vai preferir usar seu carro que está na garagem”. 
Van Havenschild também mostrou seu desagrado em relação ao número de elevados e viadutos previstos no projeto do BRT. De acordo com ele, as cidades de São Paulo e Rio de Janeiro seguem hoje o caminho inverso promovendo a demolição de viadutos que, acrescentou, contribuíram para degradar as regiões onde foram instalados.

Fábio Motta respondeu que os elevados são uma necessidade por conta das características da capital baiana. “Salvador é a cidade que tem a maior densidade populacional do país, tem a maior concentração de pessoas por metro quadrado do Brasil. Além disso, só perde para o Rio de Janeiro quando se fala em geografia acidentada. Por isso, a necessidade de se fazer os elevados”, explicou.

Fonte: Assembleia Legislativa da Bahia.