Todo ano é a mesma agonia. Cães não podem ouvir o barulho de fogos que entram em pânico. Faz movimento convulsivo (tremedeira), esconde-se e até fica agressivo. O cachorro raceado (poodle com dálmata) de cinco anos, comumente, fica na área de casa. Nos dias 23 e 24, a dona – Joseane Rosa, 28 – prefere deixá-lo preso na casa de cachorro.
"Fico com pena, porque ele fica isolado, mas, se não prender, o risco de acidente é maior. Ele tenta passar pela grade ou puxa o portão na tentativa de entrar em casa", conta a jornalista. A ansiedade e o estresse são comuns aos pets nesta época do ano. Os cães e os gatos têm audição mais sensível do que a dos humanos.
A veterinária Daniela Fernandes, do hospital Semeve, explica que os cães ouvem duas vezes mais do que as pessoas. E os gatos, três vezes mais. "Esse estrondo gera uma grande descarga de adrenalina neles, que provoca medo, estresse e tentativa de fuga", diz a médica veterinária.
Segundo ela, apesar de não demonstrar, os gatos também se sentem mal com o barulho. "O felino é mais discreto. Ele costuma se esconder e dilatar a pupila em demonstração de medo. A expressão facial do cachorro é mais perceptível", opina.
Diretor do hospital veterinário, Luciano Requião conta que, na semana do São João, a maioria dos atendimentos está relacionada ao período. "Recebemos animais que comem alimentos típicos e ficam com infecção intestinal, outros que se acidentam ao tentar fugir dos fogos e os que mordem bomba acesa achando que é brinquedo e se ferem", diz.
A lesão ocasionada por fogos foi justamente o que ocorreu com a poodle Babi nesta semana, quando abocanhou um traque aceso. Por sorte, só teve uma queimadura leve. Ficou um dia internada e foi liberada.
Mas consequências podem ser maiores, alerta a veterinária Daniela: "Pode causar trauma facial, cegueira, perda de olfato, fratura e até a morte. É preciso tomar muito cuidado".
O que fazer
A médica recomenda aumentar o som da televisão e fechar portas e janelas para abafar o som externo. Além disso, o dono não deve abraçar e consolar o animal, que pode associar esse comportamento a algo errado. "O melhor é ficar perto dele e ter um comportamento normal como se nada houvesse acontecido", diz.
Em último caso, o pet pode ser tratado com medicamentos que diminuem a sensibilidade ao trauma, mas o uso só deve ser feito com prescrição médica.
O veterinário Stéphano Lima também sugere que o dono registre o som da explosão em um gravador de áudio e, em seguida, reproduza-o, aumentando o volume gradativamente: "Esse procedimento vai dessensibilizar o animal".
Em caso de acidente, o médico informa que é preciso levar logo o bicho ao veterinário, para fazer curativo. De forma alguma deve-se passar qualquer produto sobre o ferimento.
Foto: Reprodução/A tarde