O mês de abril em Salvador foi marcado por intensas chuvas que ultrapassaram significativamente a média histórica prevista para o período, estabelecida em 284,9mm. De acordo com a Defesa Civil (Codesal), a capital baiana registrou acumulados de 821,7mm ao longo do mês, um indicador que se aproxima de toda chuva esperada para abril, maio e junho juntos, que é 824mm.
Só no dia 2 de abril, foram registrados 120,8mm em apenas 2 horas na região do bairro da Boca do Rio e, no dia 8, 212,4mm em 24 horas, na região do IAPI. Mesmo com os altos índices pluviométricos, não foi registrada nenhuma ocorrência com vítimas.
Segundo o Centro de Monitoramento de Alerta e Alarme da Defesa Civil de Salvador (Cemadec), as chuvas foram causadas por uma combinação de fatores que aumentaram a umidade sobre a cidade, como o Complexo Convectivo de Mesoescala (CCM), os sistemas de baixa pressão (cavados) e a passagem de frentes frias pelo litoral da Bahia que intensificam o vento marítimo, fazendo com que mais umidade adentrasse o continente, além do aquecimento das águas do Oceano Atlântico.
Em razão do iminente risco de deslizamentos de terra devido ao encharcamento do solo pelas chuvas, a Codesal acionou as 14 sirenes do Sistema de Alerta e Alarme em áreas de risco prioritárias nos dias 7 e 8 de abril. As áreas incluem Mamede (Alto da Terezinha), Bom Juá, Calabetão, Vila Picasso (Capelinha de São Caetano), Baixa do Cacau (São Caetano), Vila Sabiá (Liberdade), Voluntários da Pátria (Lobato), Irmã Dulce (Cajazeiras VII), Mangabeira 1 e 2 (Cajazeiras VIII), Creche e Moscou (Castelo Branco), Bosque Real e Olaria (Sete de Abril)
No último dia 15, ocorreu um novo alerta com para continuidade do risco de deslizamento nas comunidades de Creche (Castelo Branco), Bosque Real (Sete de Abril) e Moscou (Castelo Branco). Já no dia 25, as sirenes das comunidades do Calabetão, Voluntários da Pátria e Baixa do Cacau foram novamente acionadas.
O Sistema de Alerta e Alarme é acionado após o volume de chuvas ultrapassar 150 mm, em 72 horas de chuvas intensas. Após o acionamento, os moradores são orientados a sair de suas casas e se dirigirem para um local ou para um dos centros de acolhimento provisórias mantidos pela Prefeitura em escolas municipais próximas às áreas de risco.
Ao longo do período, 264 pessoas foram abrigadas.
Operação Chuva
A Operação Chuva é realizada anualmente pela Defesa Civil no período mais chuvoso e é dividida em duas etapas: a preparatória, realizada ao longo do ano e intensificada em março, e a de alerta, entre abril a junho, quando são aplicados protocolos de monitoramento e resposta a situações de risco e prevenção de desastres.
A operação conta com uma força-tarefa dos órgãos integrantes do Sistema Municipal de Proteção e Defesa Civil (SMPDC), para intensificar ações em infraestrutura, tecnologia, limpeza urbana e manutenção urbana, a fim de proteger a população que vive, sobretudo, em áreas de risco.
O diretor-geral da Codesal, Sosthenes Macêdo, acentua a importância da atuação conjunta no período mais chuvoso de Salvador. Ele destacou que “é indispensável para a consolidação da política de prevenção e redução de riscos de desastres, e requer significativa colaboração para o funcionamento do SMPDC durante a Operação, que tem a coordenação executiva da Codesal”.