Comerciantes do Mercado Municipal de Cajazeiras, em Salvador, que foi atingido por um incêndio na noite de domingo (18), vivem o drama de terem perdido todos os materiais de trabalho às vésperas do São João. A principal suspeita do Departamento de Polícia Técnica (DPT) é de que o incêndio tenha sido criminoso. Peritos encontraram no local uma vasilha com álcool, isqueiros e outros materiais inflamáveis, que podem ter sido usados para provocar o fogo, que atingiu cerca de 20 dos 133 boxes.
Alguns lojistas, que preferiram não se identificar, contaram que há meses recebiam ameaças de pessoas que eles não souberam informar quem eram. Inicialmente, a especulação era de que o incêndio teria sido causado por um curto-circuito.
O estabelecimento fica no bairro de Cajazeiras X e começou a pegar fogo por volta de 22h50. As chamas só foram controladas às 4h15. A área mais devastada pelo fogo, de acordo com a Defesa Civil de Salvador (Codesal), foi o primero andar.
A comerciante Lúcia Souza tinha um salão de beleza no pavimento mais atingido. Ela estima que, só de produtos estocados, o prejuízo ultrapassa os R$ 10 mil. “Eu tenho um salão de beleza e minha filha tem um box do lado, que é uma loja de cosméticos. Eu tenho um prejuízo infinito, porque tudo dentro do meu box era caro, principalmente os produtos de beleza. Meu salão era todo montado. Só em material guardado, eu tinha mais de dez mil reais ali. Fora os equipamentos como prancha, secador e os produtos. Aqui foi o dinheiro que a gente não tinha, que pediu emprestado e investiu”, detalhou Lúcia, abalada.
Dona de um restaurante localizado no primiero andar do mercado, a comerciante Silmária Damasceno viu o incêndio de perto, durante a noite. Pela manhã, ao visitar o local, ela passou mal e precisou ser amparada por outros lojistas. “Eles [Codesal] não deixaram a gente entrar ontem não, mas o fogo alastrou tudo aí, queimou tudo em cima. A gente perdeu tudo”, disse em lágrimas.
O feirante Alef Neves só ficou sabendo do incêndio na manhã desta segunda-feira (19), enquanto chegava com o carro carregado de frutas e verduras, para abastecer a loja que mantinha. “Eu acabei de saber. Agora nos resta guardar o material em casa e esperar [o prédio] ser liberado, pra voltar pra vender. Ainda corremos o risco de perder o dinheiro das verduras que já estão compradas”, lamentou Alef.
“A gente pegou até dinheiro emprestado para comprar mais material para o São João. Nossos materiais que não são baratos, nossas máquinas de chaves e outras máquinas que a gente tem. A gente perdeu tudo, a gente não tem nada", contou outra comerciante.
Uma equipe do DPT esteve no local durante a manhã. A Polícia Civil vai investigar o caso. O laudo de conclusão da perícia deve ficar pronto em 45 dias.
Reprodução/G1
