A Prefeitura iniciou, na segunda-feira (23), um curso inédito de Legítima Defesa Pessoal para o público LGBT+. A formação está acontecendo no Espaço Boca de Brasa, na sede da Fundação Gregório de Mattos (FGM), na Barroquinha. A iniciativa é oriunda de uma parceria entre a Secretaria Municipal da Reparação (Semur) e a Guarda Civil Municipal (GCM).
Cerca de 20 pessoas participaram do primeiro dia de atividades, que possui carga horária de 20h, com certificação de participação. Durante a formação serão aplicados conteúdos teóricos e práticos. No primeiro dia de aula teórica, o público pôde ter conhecimentos sobre os tipos de violência e de como se prevenir delas. Ainda durante a formação, serão aplicadas orientações de primeiros socorros e técnicas de golpes para defesa.
“Nós já realizamos o curso de Defesa Pessoal para mulheres, porque entendemos que elas são, na maioria, vítimas de violência. Levando em consideração que a Bahia é um dos estados com maior índice de violência contra pessoas LGBT no Brasil, pensamos na necessidade de promover, também, o curso para este público. Aprender a se defender da forma mais prática e técnica possível é de suma importância para a população LGBT”, disse o coordenador de Prevenção à Violência da GCM, James Azevedo.
Participando do curso, o coordenador do Centro Municipal de Referência LGBT+ Vida Bruno, Marcelo Cerqueira, ressaltou a importância de a atividade estar sendo realizada. “Sabemos que a comunidade LGBT é pacífica, e à medida que ela começa a ter acesso a esse conteúdo de defesa pessoal, ela fica mais segura de si e fica mais segura de andar na cidade”, disse.
Prevenção — Para o produtor cultural Leandro Souza, de 30 anos, a formação impactará no seu comportamento pessoal e social sobre a perspectiva de se defender em situações de risco. “Vivemos em uma sociedade cada vez mais violenta e se preparar para certas situações é de extrema necessidade. Há seis anos vivi um momento muito difícil da minha vida, quando vi um amigo meu sendo assassinado pelo fato de ser gay. Infelizmente, ele não teve a oportunidade que eu estou tendo hoje de ter acesso ao processo de defesa pessoal, sendo uma tentativa de garantia de vida. Meu desejo é nunca usar, mas, caso seja necessário, estarei pronto para me defender.
Naiade Bianchi, de 41 anos, disse ter ficado sabendo do curso através de outras amigas, e, de forma imediata, resolveu participar da capacitação. “Conheço pessoas que, infelizmente, passaram por situações de risco e não souberam se defender. Hoje, estamos sujeitos a qualquer tipo de violência, então, precisamos ter conhecimento, sim, sobre as diversas formas de defesa pessoal”, ressaltou.
Denúncia — Em caso violência sofrida, o indivíduo pode procurar suporte municipal através do Centro Municipal de Referência LGBT+ Vida Bruno, no Rio Vermelho. O centro dispõe de atendimento social, jurídico e de atendimentos com psicólogos. O equipamento funciona de segunda a sexta, das 8h às 17h.