Bahia

Pedro Tourinho diz que teve dúvidas em comandar Secult: "Poderia ser uma pessoa preta em meu lugar"

Segundo Tourinho, ele ficou em dúvida, pois acredita ser importante para a Secult ter no seu comando alguém com maior representatividade

Vagner Souza /Salvador FM
Vagner Souza /Salvador FM

Titular da Secretaria de Cultura de Salvador, Pedro Tourinho admitiu nesta quinta-feira (2) que refletiu antes de aceitar o convite para integrar a gestão do prefeito Bruno Reis (UB) em uma pasta tão importante.

Segundo Tourinho, ele ficou em dúvida, pois acredita ser importante para a Secult ter no seu comando alguém com maior representatividade, em razão da cidade ter a sua população predominantemente negra.

"Eu assumi pensando que poderia ser uma pessoa preta no meu lugar, pensei muito isso pela diversidade da secretaria, mas como cidadão pensei que seria uma chance de usar a minha caneta para que isso mude", disse o chefe da Secult.

"Meu objetivo na secretaria é empoderar a população negra, diversa e periférica de Salvador […] a forma de Salvador ter o lugar que merece no mundo, como capital do Atlântico Sul, é quando a cultura negra realmente se apoderar da cidade. Quando no meu lugar tiver uma pessoa negra, no seu lugar tiver uma pessoa negra, pois temos lugar de destaque na sociedade", pontuou.

Em entrevista à rádio Metrópole FM, Tourinho explicou que o objetivo é preparar o terreno formando novos quadros preparados para a sua sucessão.

"As ações que estou tendo na secretaria tem o viés para que, depois de mim e assim que eu sair, tenha um ou algumas pessoas prontas para estarem em meu lugar. Eu nomeei mais de 10 pessoas diversas para secretaria. Enquanto não tiver diversidade com a caneta na mão, a gente não vai para lugar nenhum", reconheceu Tourinho.

Recentemente, Tourinho se viu no centro de uma polêmica após a sambista Mariene de Castro questionar a ausência na programa oficial do Carnaval. A cantora, que é um dos maiores nomes do samba na Bahia, disse que há anos não é procurada nem pela Prefeitura, nem pelo Governo do Estado, para se apresentar na folia.

O titular da Secult se pronunciou em rede social sobre a repercussão da publicação de Mariene de Castro e explicou que a sua equipe não identificou a inscrição da artista e nenhum edital da Prefeitura, o que teria sido a razão da sua ausência no Carnaval.

Nos comentários do post, contudo, Tourinho foi alvo de críticas e de questionamentos acerca de artistas renomados, se também foram obrigados a fazerem a inscrição. Também foi citada a tentativa do prefeito Bruno Reis (UB) de fretar um avião particular de última hora para tentar trazer Ivete Sangalo para se apresentar no circuito do Campo Grande no último dia de Carnaval.