A tensão está no olhar atento, na inquieta movimentação do pescoço para um lado e para o outro, um gesto involuntário a qualquer aproximação de um estranho enquanto o ônibus não chega. “Já fui assaltada aqui duas vezes no ano passado. Na última, um garoto de 15 anos bateu no meu rosto, me xingou e disse que me esfaquearia da próxima vez que puxasse a bolsa”, contou uma garçonete, enquanto esperava um ônibus para ir ao trabalho, em frente ao Estádio de Pituaçu, na Avenida Paralela.
Foi neste mesmo local que o policial militar Márcio Pereira dos Santos, 33 anos, foi morto quando tentava impedir um assalto, em 6 de dezembro do ano passado. Ele e a garçonete se somam à estatística das vítimas de assaltos constantes nos pontos de ônibus de Salvador. O volume de assaltos fez a Polícia Militar reforçar o policiamento nos principais corredores da cidade, onde há o maior número de ocorrências, como as Avenidas Paralela, Bonocô, Vasco da Gama, Suburbana e Octávio Mangabeira – entre Pituba e Boca do Rio.
Com base nas informações da PM, o CORREIO percorreu alguns pontos de ônibus nessas avenidas e listou dez pontos que são famosos por serem alvos de assaltos. A reportagem também constatou que os crimes são constantes entre 5h e 9h e entre 17h 22h. Em geral, os assaltos são realizados por duplas de motoqueiros ou ocupantes de um carro, ou, ainda, nas duas situações. Eles roubam bolsas, celulares e até fazem arrastões. As vítimas preferidas são mulheres e estudantes.
(Correio) (AF)
