Uma mulher de 34 anos afirma que perdeu o terceiro filho após esperar cerca de 10 horas por atendimento no Hospital Municipal de Catu, a 78 km Salvador. Luciane dos Santos ainda estava na 34ª semana de gestação quando entrou em trabalho de parto, no dia 18 de julho. Ela foi levada para a unidade de saúde pelo marido, Marcos dos Santos, que acompanhou a angústia da espera e depois teve a notícia de que o bebê não havia resistido à espera. Luciane conta que a bolsa estourou em casa e ela chegou ao hospital por volta de 6h30, mas só fez uma ultarssonografia por volta das 16h, após ser encaminhada para uma unidade de saúde particular, em Catu, pois o hospital municicipal não dispõe do serviço. Antes disse, ela alega que não foi examinada.
"[Funcionários] eles me botaram em uma sala sozinha, mandaram eu aguardar e saíram da sala. Tanto a enfermeira, como o médico, que ficou passeando para lá e para cá, e não foi me atender. Quando ele foi me ver, eu já tinha horas sentada", contou ela.
No hospital, Luciane foi orientada a esperar mais tempo para que a dilatação aumentasse, apesar da bolsa ter estourado. Segundo ela, as enfermeiras disseram que era necessário também, aguardar a regulação para fazer o parto. A Secretaria de Saúde do Estado (Sesab) informou, no entanto, que não houve pedido de transferência hospitalar no nome de Luciane. Duas horas depois de chegar à unidade, ela percebeu que o bebê havia parado de se mexer e comunicou a uma das enfermeiras. Luciane relatou que a profissional afirmou que o bebê havia parado de mexer por causa do líquido perdido (por conta da bolsa que estourou), mas que a criança estava "normal e viva".
Segundo Luciane, antes de ser encaminhada para fazer a ultrassonografia, ela foi examinada por uma médica, que constatou que o coração do bebê não batia mais. Só então, a equipe do hospital encaminhou a paciente para fazer uma ultrassonografia no hospital particular. "Lá, o médico me atendeu e me mandou deitar. Ele mexeu [na barriga], botou o aparelho [para ouvir os batimentos cardíacos] e mandou eu olhar. Eu ainda tava na esperança de ouvir [o coração do bebê], mas quando ele balançou a cabeça, eu perguntei o que aconteceu. Ele respondeu: ‘sinto muito, mas seu bebê já não tá entre nós'", relembrou Luciane.
De volta ao Hospital Municipal de Catu para retirar o feto, ela foi obrigada a esperar novamente. Luciane só foi encaminhada à sala de cirurgia por volta das 19h. “Meu filho morreu por causa deles [hospital]. Eu posso confirmar que foi por causa deles mesmo", disse emocionada.
Reprodução: G1 – Bahia